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domingo, 20 de outubro de 2013

O que quer o setor privado ao financiar uma campanha eleitoral?

Figura: aespeciaria.blogspot.com

O que leva uma empreiteira como a Camargo Correia doar nos últimos dez anos, algo em torno de R$ 178,3 milhões de reais para campanhas eleitorais de diversos partidos e candidatos? O que as empresas ganham em troca, visto que na política “mercantilista”, o lema é: dando que se recebe? Como fica o cidadão que vota pensando que seu candidato vai dar a alma para defender seus direitos?

São perguntas embaraçosas de se responder, principalmente por não dá para explicar, de forma simples, a não ser troca de favores o porquê um candidato troca o apoio popular por recursos privados, mesmo sabendo que terá que prestar contas para seus credores, que na melhor das hipóteses querem privilégios. A desculpa alegada é a de que uma eleição custa muito caro e para ser competitivo tem que investir muito, principalmente em propaganda e pessoas para apoios.

A Revista do Brasil de setembro último tem como  título de capa: “A Bactéria da Corrupção – O financiamento privado de campanhas adoece a política”. “Pesquisas revelam que a população não quer dinheiro de empresas nas eleições”. A reportagem traz dados preocupantes sobre os diversos interesses que estão contidos nesse tipo de ajuda eleitoral.

Em se falando de trabalhadores, que no post anterior citei a colocação do Presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, que avaliou que o sindicalismo brasileiro vive um drama de concepção, a matéria revela, com base nos dados do DIAP, que dos 513 deputados federais e 81 senadores: 273 são empresários, onde essa bancada passou de 219 em 2006 para 273 em 2010 e os trabalhadores, só foram eleitos 72, que podem ser considerados da bancada sindical. Segundo a reportagem, isso explica a dificuldade de aprovação do Projeto de Lei 4.330, que regulamenta a terceirização.

Além da extensa relação de doadores em toda parte do país, onde a maioria é empreiteira, com doações para todos os principais partidos políticos, o fato que melhor ilustra essa conversa foi a do Senador Demóstenes Torres que recebeu R$ 700 mil do empresário Wilder Morais e quando foi cassado, advinha quem assumiu como seu suplente? O próprio Wilder Morais. Um verdadeiro escândalo, algo combinado antecipadamente.

Na verdade essas empresas elegem seus representantes, como alguém que vai facilitar o processo ou fazer vistas grossas, enquanto os trabalhadores, mal representados em diversas categorias, vão apenas assistindo seus direitos serem delapidados e ainda um risco eminente de perda dos principais direitos trabalhistas.

Do ponto de vista eleitoral, defendemos uma Reforma Política ampla, que por uma iniba as empresas e por outro crie regras claras para a população. Já que vamos pagar a conta de qualquer jeito, se faz necessário sabermos o tamanho dessa conta.

Somente com participação efetiva da sociedade e principalmente popular, será possível mudar essa dura realidade, pois um pretenso representante do povo, financiado por uma empreiteira, defenderá o direito do cidadão sem teto ou não pode por estar de “rabo preso” com o mercado imobiliário?

Além de uma profunda reforma política é necessário à moralização da política. 


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

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