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sábado, 7 de dezembro de 2013

O que fazer quando o bem e mal se confundem?

Figura: meussonhosdoces.blogspot.com

Podíamos começar essa conversa dizendo que o mundo está dividido entre o bem e mal, que num processo metáfico, resultaria em quem faz o bem recebe sempre o bem de volta e quem faz o mal também com o mal será pago.

É tão simples assim? Dá para dizermos de primeira quem é do bem e quem é do mal, mesmo sem um conhecimento profundo? Apenas para lembrar, vale citar aquela frase popular: “O inferno está cheio de boas intenções”.

Analisando a sociedade como um ser social, nota-se perfeitamente que no discurso o bem e mal se confundem. Ninguém que é o do mal se declara, a não ser que esteja drogado ou já tenha sido totalmente absorvido pelo mal e quem é do bem, mesmo repetindo mil vezes suas intenções, ainda assim terão pessoas que dirão: será?

Usando o terceiro elemento, que não quer ter controle, que tem dono e que quer ser o caminho, a verdade e a luz da humanidade, que é a imprensa e grande parte dela golpista, a coisa fica muito mais complicada. Ela é capaz de fazer um monstro virar anjo e um anjo ser jogado nas trevas rapidinho. Por outro lado, a população que depende, principalmente da televisão como lazer, deixa-se levar torcendo por seus personagens prediletos.

É nesse cenário que a maioria das decisões políticas, econômicas e sociais da humanidade é tomada e decidida e as pessoas que conseguem elaborar um pensamento, que têm poder de intervenção e quem principalmente tem uma causa a ser defendida, são excluídas do processo de poder, simplesmente pelo medo da competição ou para não atrapalhar as intensões de quem está no comando, deixando o caminho livre. É importante citar que em muitos casos, isso não ocorre pela via da anulação plena ou do confronto, mas criando um desvio aonde de forma ilusória vem um contentamento momentâneo para aquele ser que imagina estar colaborando.

Quem nunca passou por uma situação como essa? “Olha, bem que você poderia fazer parte da direção central dessa instituição, mas como temos que atender ao pedido de outras pessoas, criamos algo muito melhor para você: você será o assessor coordenador para assuntos aleatórios”.  Com isso aquela a pessoa com um sorriso amarelo e com medo de ficar totalmente de fora, simplesmente agradece e aceita. É claro que na prática dará tudo errado, pois a verdadeira intensão era afastar a pessoa do comando central, mas também poder cobrá-la no futuro com o argumento de que a mesma está sendo ingrata e não entendeu aquela fantástica oportunidade. Num processo de ação e reação, a pessoa simplesmente desiste de tudo e abandona, as vezes um sonho antigo.

A luta entre o bem e o mal é antiga. Por muito menos Caim matou Abel. Nos dias de hoje, onde os valores se confundem. Não há outro caminho. Para que de fato o bem possa reinar, se faz necessário que seja materializado por um projeto de vida e esse projeto aponte para onde devemos caminhar.

Ao trazermos isso para o campo político a coisa se complica mais ainda, pois a própria democracia está em cheque. De que democracia estamos falando? Daquela da austeridade e choque de gestão ou da democracia plena desenvolvida e nutrida de baixo para cima, dando voz a sociedade? Da que afasta o povo das decisões, mas mostra que tem alguém que foi eleito para isso ou daquela em que as lideranças às vezes se anulam para que a população organizada seja protagonista de seu futuro?

A manutenção do poder a qualquer custo, através dos cargos públicos, se traduz num caminho sem volta, pois coloca no mesmo nível de compreensão, o bem e o mal. Tanto os que querem permanecer no poder para encher os bolsos, ou mesmo aqueles “bonzinhos”, que querem permanecer no poder para fazer o bem pela população, mas afastando-a das decisões, agem e se transformam em seres semelhantes, pois se os métodos utilizados forem os mesmos, todos serão iguais no processo de julgamento no “juízo final”.

Tenho lançado vários desafios no Curso Plano de Governo e Ações para Governar e que se de nada servirem, servirão pelo menos para uma reflexão ao travesseiro. Uma dela é se dá para entender um prefeito ou prefeita que tem medo do povo e ser chamado(a), pelo menos de progressista. Ou ainda se é necessário tanto dinheiro para uma campanha eleitoral se esse prefeito ou prefeita tiver o povo ao seu lado.

Seja pela via que o ser humano escolher, o bem e o mal estão sempre à sua disposição. Como dizia Paulo Freire: O simbólico e o diabólico estarão à nossa disposição a qualquer hora do dia e da noite. Felizes daqueles que conseguirem passar pelo poder e deixar marcas a serem seguidas.

Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.
Friedrich Nietzsche


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

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