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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Há no seio da sociedade uma guerra invisível a serviço do poder econômico global


Que guerra seria essa? Uma guerra de palavras, de informações distorcidas, de frases prontas e principalmente de conceitos. Diariamente milhares de pessoas se alimentam de informações banais. Essas (des)informações, com a desculpa de estarem a serviço da população, são usadas para manter o pensamento econômico global que mantém o sistema capitalista vivo, ao alimentarem principalmente o consumo, além de nutrir a teoria da conspiração contra seus adversários.

Não estou me referindo nem a guerra de fato, aquela que extermina milhares de jovens negros e pessoas da periferia, muitos sem a menor necessidade e inocentes, além das mulheres consumidas pelo machismo, além de outras formas de eliminação dos seres humanos e sim de uma guerra psicológica e ideológica, aquela que nasce do enfrentamento ao modelo de sociedade que se quer para o futuro. Uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.

Ao ligar a televisão aberta, em quase todos os canais, a impressão que se dá é a de que não existe mais volta. Não tem mais solução. Com isso, ou se vende a ideia de uma sociedade surreal sem problemas ou ainda de uma sociedade totalmente violenta que só a pena de morte resolveria a situação, como se a pena de morte já não existisse para as pessoas que tem quer descartadas. Essa justificativa tem como pano de fundo o enfrentamento contra os direitos humanos e contra os direitos sociais da sociedade excluída, em contrapartida a um modelo de sociedade inventado para poucos.

Fica evidente que essa violência é forjada todos os dias no movimento de reação dos setores marginalizados da sociedade, que age e reage ao preconceito e a discriminação, além da indústria da miséria, das drogas e da corrupção. A polícia prende, mas justiça solta e os condenados são mantidos apenas afastados do convívio social, porém sem nenhuma política de recuperação de fato. Ao contrário, essas indústrias do mal necessitam de muitas dessas pessoas como seus agentes.

Não é atoa que somente nos governos de Lula e Dilma a população pobre começa a ser tratada de forma diferenciada, com políticas inclusivas em todas as áreas como jamais tinha ocorrido. Na história mais recente, desde João Goulart que tinha um Plano de Reformas para o Brasil e por isso sofreu um golpe militar e foi assassinado, que o Brasil dos ricos sucumbia o país dos pobres.

Coisas como, ter uma casa própria, filho de pobre e pessoas negras fazendo faculdade, ou ainda em cursos elitizados; emprego com carteira assinada; população pobre comprando carro novo; diferentes programas sociais em várias áreas governamentais; capacitação técnica para os jovens da classe C e D; programa de desenvolvimento econômico para os pequenos empresários e para os empreendedores individuais e tantas outras ações de inclusão econômica e social que estão acontecendo, jamais seria dessa forma se o Brasil não estivesse sendo governado por pessoas que conseguem entender e falar a língua do povo.

A elite brasileira e seus representantes ditam as regras, seja através dos valores construídos nos guetos burgueses, que vai da educação aos instrumentos culturais elitistas, até o conteúdo disseminado diariamente através dos veículos de comunicação, vendendo uma sociedade ilusória e produzindo cada vez mais setores homofóbicos, separatistas e discriminatórios, seja racial ou econômico.  

Tudo isso junto, aliado ao problema das drogas que virou um problema de saúde pública, alimentado pelos usuários da elite; a falta de preparo da polícia, que existe principalmente para manter o Estado capitalista e sem preparo no trato com as questões sociais; a falta de uma política de recuperação prisional e a falta de opção de cultura e lazer para os jovens brasileiros, entre outros, fazem do país um dos mais violentos do mundo.

Somente uma mudança radical na forma de governar, no trato com a coisa pública e a participação efetiva da sociedade na construção das políticas públicas, principalmente nos municípios, mas também nos estados, poderá conter a explosão dessa bomba relógio que está armada na sociedade.

A própria sociedade está prestes a explodir. A prova disso foram às manifestações de junho de 2012, que tirando a manipulação da velha mídia a serviço de seus agentes, com a nítida impressão de atingir o governo federal e a Presidenta Dilma, como querem também agora com as manifestações contra a copa, revelaram a existência de um mar de problemas represados e que as ruas representaram um grito parado no ar.

A meu ver uma das únicas alternativas para uma mudança efetiva nesse estado de abandono proposital, imposto nas diversas partes do país pelos representantes da elite econômica e da direita raivosa, é ensinar a população, principalmente a mais pobre, a participar da vida política e a exigir seus direitos.

Só a participação efetiva da sociedade possibilitará, entre outras mudanças, a eleição de melhores políticos e de uma limpeza nos milhares de corruptos que trafegam diariamente nas entranhas do poder, que até são criticados pela mídia, porém mantidos por ela mesma e a quem ela representa, na medida em que se vende o senso comum de que política é uma coisa ruim e que todos os políticos roubam e por isso não haverá solução. E esse pensamento golpista na democracia se transforma no responsável por grande parte dessa violência e dos valores banais.

Três perguntas para reflexão:

1. Como fazer isso se uma grande parte de prefeitos e prefeitas, ou boicotam a população em seus direitos de participar ou tem medo dela?

2. Será que é por isso que não querem conselhos deliberativos, muitas conferências e nenhum fórum participativo, com a desculpa do povo não estar preparado?

3. Se tudo isso não for verdade, porque então não criam Escolas de Governo ou outro mecanismo de capacitação, tanto para os gestores, como principalmente para a população aprender a participar?

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo

Um comentário:

  1. Uma guerra velada. Nos cabe, como cidadãos conscientes, conhecer todos os meandros, segredos e distorções da informação veiculada pelos canais de comunicação. Aceitar o que nos é imposto como única e concreta verdade, disfarçada de matéria jornalística, chega a ser um insulto a inteligência coletiva.
    Quem realmente acredita que o tão reiterado "compromisso com a verdade", é honesto e veraz como nos anunciam?
    Uma lógica simples para ser analisada e repensada: "a informação é mais importante que os patrocinadores?"
    O diretor de um jornal (leia-se tv e outros) presta contas à boa-fé?

    Elder Cruz

    Depoimento: Antônio Lopes Cordeiro, para mim, simplesmente Toni, meu irmão, meu amigo, meu professor, mentor, parceiro e tantos outros adjetivos poderia citar. Juntos já rimos, choramos, sofremos, comemoramos, discutimos - do mesmo lado e em lados opostos - criamos, destruímos (rs), batemos, apanhamos. Juntos já ganhamos e perdemos, mas ainda estamos de pé!
    Durante os anos que estivemos lado a lado, aprendemos muito, um com o outro. Confesso que aprendi mais com ele, que ele comigo!
    A experiência do Grupo Gestor de Planejamento e Integração, merece um livro. Obrigado meu irmão por insistir comigo, brigar para que entendesse!
    Três cursos de extensão universitária, em um ano e meio, foi um feito incrível! Você é testemunha do quanto eu me esforcei! Obrigado, amo você meu irmão!

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