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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A quem interessa o abandono da máquina pública?


É cantada em versos e prosas que a máquina pública é uma bagunça generalizada, composta por pessoas que ganham sem trabalhar. Além disso, pessoas atendendo a população de mau humor, funcionários mal remunerados e fingindo que trabalham e os governos que entram com a fama de que usam a máquina para se beneficiarem e também beneficiarem os parceiros que os financiaram nas campanhas eleitorais, como uma forma de compensação.

O que é verídico dessa situação? A população não culpa nessa história? Na parte que for verdade, quem são os responsáveis?

Vamos iniciar essa conversa repudiando o que nos impuseram com a cultura popular de que política não se discute. É uma frase forjada por quem não queria que a população se aproximasse do poder e por quem sempre teve a visão de que a população precisa de um líder, ou mesmo de um representante para conduzi-la.

Esse aprendizado ficou no imaginário das pessoas e transformou a política em algo indecifrável ou ainda em algo ruim, como a mídia quer provar diariamente nos dias de hoje, transformando a corrupção, que é algo inerente ao próprio processo de distanciamento do povo da política, ou seja, falta de transparência, em algo que envolve a todos que lá estão, ou ainda o fato dos maus políticos em atividade serem consequência do povo não saber votar. É como se tudo isso tivesse resultado numa verdade absoluta e, portanto, bom mesmo seria a volta da ditadura, pois o povo, além de não sabe conviver com a democracia, as eleições de nada valem, pois a política está repleta de ladrões.

É importante ressaltar que essa cultura do caos na política só interessa ao setor econômico dominante e seus aliados, tornando a situação em algo extremamente favorável à promiscuidade. Assim, a falta de informação, formação e capacitação tornam-se armas poderosas para o desinteresse da política e a manutenção de quem dela se beneficia. Não é atoa que a academia nunca deu bola para esse setor e só está dando agora, porque de repente descobriu que pode ganhar muito dinheiro. O caos só interessa a que descobriu que vender dificuldades para colher facilidades é um dos negócios mais lucrativos.

Além disso, é fato que uma coisa leva a outra e o abandono, tanto da política, como também da máquina pública, só pode produzir essa qualidade de políticos, gestores e de funcionários públicos sem a menor perspectiva profissional e financeira e assim reagem com a precarização dos serviços para a população, apesar de também fazer parte dela.

Para as pessoas de bem e bem intencionadas, seja na política, na gestão, na máquina pública ou mesmo na sociedade, a reação natural é de revolta e com toda a razão, sendo que essa revolta, em grande escala não nasceu da procura, da investigação, da participação e por consequência saber separar o joio do trigo, mas insuflada por uma mídia viciada, com múltiplos interesses e comandada pelos seus donos que são ligados às pessoas que lucram com esse estado das coisas.

Infelizmente é fato que inúmeras máquinas e gestões públicas e inúmeros políticos são assim, mas também é verdade que há outro Brasil Político se movimentando, com milhares de pessoas se capacitando, inúmeros gestores envolvendo a população no processo de governança e muita gente descobrindo o gosto de participar da boa política. O Presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann tem defendido a ideia de que foi a política, ou seja, a boa política, que salvou o país nos últimos dez anos, não só das amarras do FMI e outros agentes, como também do processo de inclusão que deu vida novamente a milhares de pessoas.

Como estudiosos, mas principalmente como militantes políticos e de uma causa humanitária, o que a fazer? Entrar no processo seja expurgando os falsos líderes que enxergam as pessoas desprovidas de conhecimento como “garrafinhas”, que poderão ser trocadas na hora do voto como se fossem mercadorias, ocupando o espaço seja aonde for, investindo na formação e capacitação em todos os setores da sociedade e principalmente preparando a população para participar de forma consciente do processo político, que envolve o presente e principalmente seu futuro.

Não há ninguém que possa fazer por alguém, o que fato essa necessite, sem ao menos lhe perguntar se é isso que resolverá. Assim, não acredite em quem vende o paraíso, principalmente porque o paraíso não pertence a quem quer lhe vender.

Na dúvida participe para saber como é e para não ser enganado ou enganada. 

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

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