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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O “rolezinho” da juventude e o apartheid social


Contra fatos não existem argumentos. Vivemos de fato dois mundos distintos no país e isso ficará ainda mais claro nas disputas das próximas eleições.

De um lado um governo federal inclusivo, dando voz e vez aos excluídos da sociedade, num processo iniciado pelo Ex-Presidente Lula, um líder advindo da camada mais pobre da sociedade e que consolidou sua liderança na luta sindical, comandando os trabalhadores, junto com outros companheiros em plena ditadura militar e na continuidade com a Presidenta Dilma, uma mulher que lutou contra a ditadura e foi presa e torturada. Esses fatores que compõem as figuras de Lula e Dilma dão calafrios na elite e deixam seus representantes aterrorizados com a possibilidade de continuidade desse processo por longos anos.

Lembro claramente de duas coisas na campanha de Lula de 2002: o medo da vendida global Regina Duarte e o pedido de Mario Amato, presidente da FIESP, aquela mesma entidade que financiou a repressão na ditadura militar, através da Operação OBAN, sugerindo que os empresários fossem embora do país, pois Lula no poder iria tomar tudo o que eles tinham. Imagino que ele estava com o amigo FHC na cabeça, que realmente tomou tudo que era estatal, como se fosse seu e simplesmente privatizou a preço de banana e o dinheiro até hoje ninguém sabe onde está.

Quer dizer, ninguém vírgula, pois no livro “A Privataria Tucana”, disponível aqui: http://privatariatucanaolivro2.files.wordpress.com/2011/12/a_privataria_tucana_-_amaury_ribeiro_jr1.pdf, o autor conta tintim por tintim toda tramoia e para saber com detalhes qual era o papel do FHC no processo de implantação do neoliberalismo no país, é só ler o livro: “O Consenso de Washington – A visão neoliberal dos problemas latino-americanos” de Paulo Nogueira Batista. Disponível aqui: http://www.fau.usp.br/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aup0270/4dossie/nogueira94/nog94-cons-washn.pdf.

Os governos Lula e Dilma, atuaram no econômico, ou seja, no bolso da população mais carente e de forma diferente dos EUA, que despejaram dinheiro nos bancos e nas empresas falidas para não quebrarem e aqui no Brasil, Lula e Dilma simplesmente transferiram renda e criaram junto com os atores envolvidos, centenas de políticas públicas inclusivas. Transformaram um povo cabisbaixo, desempregado e sem perspectivas em pessoas com a autoestima em dia.

No caso dos EUA a crise revelou mais uma contradição histórica do capitalismo selvagem. Quando a país está bem tudo o que estatal tem que ser privatiza, pois bom mesmo é o mercado e quando o mercado está em crise, advinha quem salva? O Estado é claro, injetando dinheiro e muito nos bancos e nas empresas. Era isso que eles esperavam do Brasil de FHC e seus aliados.

Por outro lado vivemos outro Brasil: separatista, machista, homofóbico, racista e, sobretudo violento. Um país onde muitas empresas pagam mais para os homens do que para as mulheres, para os brancos mais que os negros e para os não deficientes mais do que para as pessoas com deficiência, mesmo que esses tenham mais experiência.  Um país que extermina sua população jovem, preferencialmente negra e de periferia, comandada por uma polícia despreparada e violenta, que descarrega na população pobre e nos jovens toda sua ira e revezes da vida e dos governos estaduais, onde a maioria não faz a sua parte. O pior de tudo isso, vem do fato de que a guarda municipal em alguns municípios, como é o caso de Americana, virou a guarda de honra do prefeito e reprime a população se falar mau do prefeito, que está caçado governando com liminar. Apesar disso, em Americana, a guarda municipal acaba fazendo o trabalho da polícia que está totalmente sucateada.

É claro que não se pode generalizar, pois no meio disso tudo há homens e mulheres do bem, mas, no entanto contaminados pelos códigos do poder econômico e social.

O “rolezinho”, como está sendo chamado é a garotada pobre que também quer ir ao shopping, um lugar de vitrines bonitas, para um flerte e quem sabe uma pipoca. A partir de agora estão proibidos. Todas as pessoas com cara de pobre estão proibidas de circularem e se essa moda pegar será no país inteiro. Na verdade essa garotada, além do apartheid social carece de opções de cultural e lazer, sem contar com uma educação de qualidade. Os municípios brasileiros estão em débito com a juventude brasileira.

O que fazer? Acho que a melhor solução foi dada pela promotoria de São Paulo, que vai ouvi-los, que vai entender antes de punir, que vai intermediar a situação antes da coisa complicar e eles começarem a ser encontrados nas valas, como mais um cadáver a ser descartado. 

Vale ressaltar que o Prefeito Haddad é totalmente a favor dessa medida. Só ouvindo a população é que os gestores poderão, não só construir políticas públicas alternativas, mas principalmente entender que a repressão poderá desencadear numa das maiores injustiças que o país já viveu: a exclusão até da possibilidade de apreciar, pois a de comprar num shopping está mais próximo, devido aos vários programas nacionais e melhoria na vida dos brasileiros, mas ainda está bem distante.

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

Um comentário:

  1. Para contribuir fazendo um link com outro comentário sobre o tema da Violência postado anteriormente. O "Rolezinho" desnuda o ódio e a prepotência da elite brasileira contra a juventude. Se em Junho as redes sociais se tornaram forte elemento de mobilização social da juventude agora estas mesmas redes sociais devem ser monitoradas para pegar quem inicia esta invasão a propriedade privada dos ricos, ou do mundo sem contradição que é o mundo dos Shoppings. É a falência das politicas publicas que tem o jovem como prioridade. Como se enfrenta isto? Não vamos enfrentar de frente este desafio sem uma Reforma urbana que é essencial. A ocupação dos espaços urbanos devem levar em conta uma política publica que garanta acesso a cultura, esporte e lazer de forma universal e que reconheça todas as manifestações dos diferentes grupos sociais, infelizmente o Shopping é a pobre opção desta juventude.

    Bruno Francisco Pereira

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