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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Porque a velha mídia não quer ser controlada


Julian Assange  do Wikileaks, afirmou que um dos maiores problemas do Brasil está na centralização da imprensa nas mãos de apenas seis famílias. Essas famílias controlam sozinhas 70% de toda a imprensa do país e por ela passa apenas as informações que interessam aos donos desses veículos e tudo que eles considerarem que é contra seus interesses econômicos e políticos será duramente combatido.

Podemos dizer que a afirmação de Assange pode ser considerada como generosa perto do que vivemos no dia a dia das rádios, TVs, Jornais e Revistas. O povo brasileiro lê, assiste e ouve diariamente, as maiores barbaridades contra os interesses populares e com direito de resposta apenas restrito a quem ganhar na justiça.

É evidente que ao responder uma afirmação como essa, os órgãos da imprensa ligados ao PIG – Partido da Imprensa Golpista, irão ter uma reação ou bastante evasiva, ao sugerir que a imprensa é democrática, imparcial e serve aos propósitos democráticos do país, ou radicalizarão dizendo que é coisa do PT ou de setores de esquerda. Dirão ainda que um instrumento democrático como um conselho, será uma mordaça à democracia, um golpe na tal liberdade de imprensa e de expressão e bla...bla...bla.

O que há de concreto é um oligopólio midiático, com um histórico de atrelamento dos meios de comunicação no país a quem está no poder e interessa aos seus proprietários, sendo que esse atrelamento vai desde uma postura de complacência com seus candidatos, até um boicote geral aos representantes das lutas sociais e dos interesses da população excluída da sociedade. Defendem todo poder ao mercado e o encurtamento cada vez maior do poder do Estado poder nenhum para a população organizada, suas instâncias e seus representantes.

Para que se tenha uma ideia do oportunismo dessa mídia, dados apresentados no livro Retrato em Branco e Negro, da autora Lilia Moritz Schwarcz, revela que a maioria da imprensa na época da abolição era escravagista e quando viram que a abolição iria acontecer de qualquer jeito, imediatamente viraram abolicionistas. Não é diferente de hoje, apenas com uma diferença, onde os campos ideológicos estão muito mais difíceis de detectar. Quem é a direita? Está travestida de centro. Quem é o centro? Está travestido de esquerda.  E quem é da esquerda? Essa é uma grande e necessária reflexão a ser feita, pois num primeiro momento muito se dizem, porém na hora de construir as alternativas ficam muito poucos.

O Jornalista Vilson Vieira Jr. Revela, que um importante estudo feito em 2002 pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), denominado “Os donos da Mídia”, abrangendo o universo dos meios de comunicação no Brasil, mostra que as redes: Globo, SBT, Bandeirantes, Record, Rede TV! e CNT, estão organizados em 668 veículos em todo o país. São 309 canais de televisão, 308 canais de rádio e 50 jornais diários, além de 138 grupos regionais afiliados de televisão do Brasil.

De acordo com os dados coletados, o sistema brasileiro de televisão é composto, atualmente, de 332 emissoras, sendo que 263 estão vinculadas às redes Globo, SBT, Record, Bandeirantes, Rede TV! e CNT. Segundo a pesquisa, Globo e SBT possuem, respectivamente, 20 e 11 emissoras próprias, o que não é permitido pelo decreto-lei 236/67 em seu artigo12, o qual determina que uma mesma entidade só pode deter um máximo de 10 concessões de radiodifusão de sons e imagens (TV aberta) em todo o território nacional.

Ainda segundo o Jornalista Vilson Vieira Jr., outro estudo, divulgado pelo Epcom em 2006, destaca uma relação direta existente entre o poder econômico de uma região e o grau de concentração e de pluralidade dos meios de comunicação, o que, consequentemente, leva a uma distribuição extremamente desigual no que se refere ao acesso desses meios a toda a sociedade. Quanto mais pobre é a região maior é o nível de concentração da mídia, ou seja, menor é o número de agentes que detém veículos como rádio e TV, sendo que o Produto Interno Bruto (PIB) está diretamente relacionado à quantidade de emissoras de radiodifusão e operadoras de TV por Assinatura nos estados. Neste caso, as regiões Sul e Sudeste abrigam, segundo a pesquisa, o maior número de emissoras e retransmissoras de TV (cerca de 4 mil, de um total de 10.514 no País), 1,6 mil rádios comerciais e educativas (de 4.392 no total), 900 emissoras comunitárias (de 2.513 em todo o País) e mais da metade das operadoras de TVs a cabo (55% das 298 em todo o país).

Há um pouco mais de dez anos eram nove famílias e agora apenas seis representam os clãs que comandam o oligopólio midiático no Brasil. As famílias Abravanel (SBT), Civita (Editora Abril), Frias (Folha de S. Paulo), Marinho (Organizações Globo), Saad (Rede Bandeirantes) e Sirotsky, à frente da Rede Brasil Sul (RBS).

Esses instrumentos de comunicação ditam as regras de comportamento, indicam seus candidatos livremente, vendem a ideia de que todos os políticos são ladrões e que todos os partidos políticos são de mentirinha, como quer o Presidente do STF. Além disso, fazem um enfrentamento diário e sistemático contra o PT, MST, sindicatos, partidos de esquerda, lideranças populares e qualquer situação que tirem sua hegemonia, como foi e é o caso das Rádios e TVs Comunitárias, sem contar que plantam uma mentira e esperam quem venham desmentir. Como a população menos favorecida não tem como agir e muito menos reagir compram aquela informação como verdadeira.

O que fazer? Instrumentalizar a população no sentido de saber usar os instrumentos disponíveis. Dar voz ao povo, principalmente à população menos favorecida.  

Colocar wifi em praças públicas, por exemplo, como fez o Prefeito Haddad, criar Rádios e TVs Comunitárias, ensinar a população como usar as mídias sociais e democratizar essa relação com o uso dos telecentros, pode ser um caminho para ampliar a democratização das informações.

Porém, sem um Plano de Comunicação Social participativo nos municípios e a coragem de discutir a criação de Conselhos Deliberativos de Comunicação em todos os níveis, não se chegará ao controle absoluto da comunicação no Brasil.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

Um comentário:

  1. Acho, companheiro, que primeiro temos que ver a questão da mídia pública. Projetei a TV Câmara de Angra dos Reis em 1998 - inauguramos, inicialmente terceirizada e depois operada pela própria Câmara... Dirigi esta TV por quase 8 anos, a partir de sua implantação... Hoje, 16 anos depois, vejo que ela serve apenas ao Presidente e aos vereadores de sua base... Virou palanque e não tem fiscalização... controle para os abusos de quem detém o poder... Sou jornalista e também gestora pública... Saí do cargo justamente pq me recusei a fazer o jogo, que foi colocado na mesa, pelo Presidente eleito na época (ano de eleição)... É muito difícil e deve ser muito discutido, este assunto... Minha modesta opinião.

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