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quarta-feira, 14 de maio de 2014

O imaginário dos brasileiros a serviço da mídia e dos representantes da Casa Grande

Em dezembro de 2013 completou 80 anos da publicação de uma das obras brasileiras mais lida e emblemática: Casa-Grande & Senzala de Gilberto Freyre. Nela o autor destaca a importância da Casa Grande na formação sociocultural brasileira, tão presente nos dias de hoje, assim como a Senzala que servia os moradores da Casa Grande que até hoje busca ainda ser servida e tenta de vez enquanto ressuscitá-la.

A imprensa, esse instrumento de poder, reinventada por Gutemberg, se porta nos dias de hoje, talvez mais agressiva e rápida, porém com os mesmos propósitos e os mesmos vícios que do passado. Tão servil como antes, escondendo o que pode comprometer os patrões e principalmente disseminando informações enviesadas, com o único propósito de confundir leitores, expectadores, ouvintes, internautas e principalmente os eleitores, com o medo de não prejudicar os representantes da Casa Grande. O “Geraldo” e o “Aécio”, que o digam. Pessoas bichadas por vários escândalos, porém blindados por seus agentes.

Não me recordo de constar na historia oficial do país, que em algum momento da época da escravatura, tenha havido qualquer questionamento por parte das autoridades e da justiça sobre o tratamento dado aos moradores da Senzala ou ainda algum morador da Casa Grande que tenha se revoltado com a situação de barbárie que os escravos viviam, renunciado de forma espontânea da situação de Senhor e que tenha adotado os escravos como pessoas de igual valor. Se houver, com certeza serão muito poucos e a imprensa fez questão de esconder.

Não me recordo também ter lido em algum lugar sobre os moradores da Senzala que cometam suicídio como forma de se livrar das amarras da escravidão ou ainda como uma forma de resistência, que além dessa, as outras formas conhecidas foram à fuga, as vezes perseguidos por seus pares  e a formação dos quilombos.

Nos dias de hoje a escravidão se apresenta de uma forma moderna. Quase imperceptível. Com uma nova roupagem e incluindo também pessoas de cores diversas, porém a maior parte nessa triste história, ainda é composta por afrodescendentes.

Escravos são todos e todas que estão à margem da sociedade, que se encontra em estado de vulnerabilidade social, onde seus direitos foram solapados por uma minoria que se considera proprietárias dos direitos universais. Talvez seja por isso, que jamais admitimos a corrupção ou ela mais disfarçada como um gordo “caixa dois”, mesmo que seja para levantar recursos para uma eleição, reeleição ou sucessão. Usar a máquina pública como moeda de troca, além de crime é imoral.

Porém, ao voltar a falar na imprensa, mídia, meios de comunicação, PIG, ou qualquer outra forma que o leitor queira chamar, chega a ser assustadora a quantidade de informações contraditórias disseminadas, com o principal objetivo de confundir a cabeça dos eleitores, onde a pior situação é a dúvida que fica na cabeça das pessoas mais simples ou desavisadas.

Para exemplificar essa situação, vou citar o meu pai, uma pessoa que nos últimos trinta anos, não só participou da vida ativa da política, como é um eleitor de Lula e Dilma, sem igual. Dias atrás ele me perguntava o porquê da Presidenta Dilma ter caído tanto nas pesquisas, pois tinha ouvido na CBN (A Rádio da Conspiração), a queda e a notícia de que muito mais ela haveria de cair até as eleições. Eu simplesmente lhe disse, que além de não ser verdade, pois os Institutos de Pesquisa tinham combinado isso, disse também que a tal Rádio tinha dono e que só poderia passar lá notícias que agradasse seus proprietários, que tinham lado e que não era o nosso.

Desafio alguém que se preste a ficar durante uma semana ouvindo a CBN, assistindo principalmente a Globo, SBT e Bandeirantes em seus programas sensacionalistas e seus noticiários, lendo a Veja, Época, Isto É, Estadão, O Globo, Folha de São Paulo e de quebra tente analisar uma pesquisa do Ibope, Data Golpe ou Sensus, que não entre em depressão ou passe a acreditar que o Brasil está quebrado e tudo que o Governo Federal de Lula e Dilma fizeram está errado ou se fizer não dará certo.

Trata-se de uma overdose neoliberal. Trata-se também de uma dose cavalar de mau gosto e principalmente de desprestígio do Brasil e idolatria aos países quebrados dos EUA e da Europa, como se tudo que tem lá é bom e tudo que for feito aqui é de segunda linha.

Como piorar essa situação? Muito simples. Um dia e meio ouvindo Funk, outro dia e meio ouvindo a avaliação do governo pelo Jabor ou pelos discursos neoliberais e direitosos na TV Senado ou TV Câmara e de quebra o restante da semana tentando entrar no metrô de São Paulo em plenas seis horas da tarde. Ah esqueci-me de falar uma coisa: a partir de setembro tentar tomar banho diariamente em São Paulo com água encanada da rua.

Nesse quesito posso afirmar que sou feliz, pois da água que bebo, com certeza beberão também todos os moradores que ainda se encontram na Senzala.

Bem vindos e Bem vindas todas as pessoas que lutam por liberdade e justiça.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

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