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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Precisamos de uma nova forma de governar


No último final de semana estive ministrando o Curso Plano de Governo e Ações para Governar da Fundação Perseu Abramo, em Santo Antonio do Pinhal. Uma estância turística cravada na Serra da Mantiqueira.

Como toda cidade pequena, Santo Antonio carrega um charme particular. A maioria da população se conhece por nome. Isso faz com que fique mais transparente o pensamento e a prática das pessoas. O povo praticamente se junta nos cultos, nas missas e principalmente nas festas. Imagino que deva ser lá também que os comentários são plantados e a vida da cidade vai sendo contada.

Diversas coisas me chamaram a atenção. Em primeiro lugar a dificuldade de se fazer gestão participativa na cidade, apresentado por alguns gestores participantes, porém, com mais ênfase pelo Prefeito Junior, que de forma gentil esteve conosco o tempo inteiro. Todos afirmaram que numa cidade como aquela era quase impossível as pessoas se dispuserem a vir num evento, seja ele o que for. Não me dei por vencido e fiz durante o curso, diversas provocações.

Em segundo, uma frase dita por uma das gêmeas que trabalham num restaurante que almocei antes do jogo do Brasil e que fica ao lado da pousada que estava hospedado. Ao conversamos, ela foi logo perguntando se eu estava a trabalho e eu lhe disse que sim num curso com os gestores da prefeitura. Ela ficou entusiasmada para ir, sendo que o que a impedia ela e a sua irmã, vinha do fato de trabalharem de manhã à noite no restaurante. Seu interesse vinha do fato de ambas serem do Conselho Municipal de Juventude e queriam aprender um pouco mais sobre o que estava em jogo. No meio da conversa ela me disse: “Precisamos de uma nova forma de governar”.

Foi uma frase que adorei ouvir, pois mesmo sem ela saber, foi esse tema que deu origem a esse curso que desenvolvi para a Fundação Perseu Abramo. O tema daquela palestra proferida no segundo semestre de 2012, na Prefeitura de Teixeira de Freitas na Bahia, a convite do amigo Dr. Paulo Sergio da Associação Transparência Municipal de Salvador e do Prefeito João Bosco, foi: “Em busca de uma nova forma de governar”. Algo que as pessoas associam como uma mudança radical, principalmente na relação entre governo e sociedade, buscando se distanciarem da bandalheira da corrupção de atinge inúmeras prefeituras e que tem um custo estimado de 85 bilhões de reais por ano. Mesmo sem saberem, as pessoas desejam serem convidadas para participar, isso seria justamente para que se cumpra o direito constitucional de Participação e Controle Social, por parte da sociedade organizada em suas entidades.

Em curso, fomos contemplados com a presença de um jovem, que mesmo com algumas confusões, como é peculiar, como por exemplo, desconhecer que cada Partido Político vem ou nasce de uma concepção ideológica, nos brindou com sua inquietação. Disse-lhe entre outras coisas, que o mais importante não era ele se filiar a partido nenhum, enquanto tivesse dúvidas quanto ao seu papel nele, mas sim o de ser o elo de ligação entre jovens rebeldes da cidade e a luta concreta para se mudar a sociedade.

O mais interessante é que também uma frase do curso parece ter feito toda diferença para a compreensão do Prefeito na condução de uma gestão participativa. Ele dizia que teria que ter algo antes mesmo da concepção de um Fórum, seja ele de que segmento for e quando viu que uma das tarefas do governante é Educar a População para Participação, enxergou nela o ponto de partida para as tarefas necessárias na construção do que estamos chamando da “Arquitetura da Participação”, onde as mulheres, os jovens, as pessoas idosas, a luta pela igualdade racial e demais setores, sejam chamados e organizados através de seus Fóruns Representativos e possam contribuir na formulação e acompanhamento das Políticas Públicas, mesmo que nas primeiras reuniões venham apenas 10 ou 15 pessoas. Essas serão num futuro próximo, os agentes multiplicadores da mudança.

Enfim, esse curso, que já chegou a 28 cidades sedes, em 10 Estados, com 159 prefeituras presentes e mais de 1200 participantes, vai escrevendo, em detalhes, a vida de cada gestão onde o Partido dos Trabalhadores e seus parceiros estiverem presentes.

É sabido que qualquer caminhada começa com o primeiro passo. Assim, para o Governo de Santo Antonio do Pinhal ficaram as provocações sadias, no sentido de continuar o que já é bom, mas com a possibilidade de escrever e reescrever a história da cidade a várias mãos.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com


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