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sábado, 13 de agosto de 2016

PARA ENTENDER: ACABOU! O QUE FAZER?

Começo esse texto sem negar as enormes melhorias que aconteceram no país desde as eleições de 2002. A ideia é discutir a que preço conquistamos essas mesmas melhorias e o que fazer daqui para frente.

O PT e a esquerda em geral, parece ou fingem não entender que as forças que realmente detém o poder no Brasil - os donos do capital - estão com a “faca e o queijo” na mão. Pior, “faca e queijo” cedidos a eles por conta do nosso abandono das ruas e acreditar que as redes sociais poderiam substituir a política. Grande engano, as redes podem marcar eventos e expor as mentiras de nossa mídia. Mas a política de verdade não é feita nas redes e muito menos nos interiores dos gabinetes e corredores de Brasília. Ela é feita olho no olho, ombro a ombro, como “nos antigamente”. Ao abandonarmos o olho no olho, deixamos de priorizar as relações horizontais e passamos a adotar as relações verticais, o tal “centralismo democrático” que não prioriza as discussões na base do partido, revivendo em alguns momentos o pior do “stalinismo”.

Passamos a apostar nos projetos pessoais mais do que nos projetos (planejados e/ou executados) de transformação das cidades e seus cidadãos. As ações passaram a visar a manutenção dos cargos e mandatos a qualquer custo, mesmo que esse custo venha a ser o abandono dos princípios políticos que nos norteavam. Abrimos mão da discussão com a militância ao implantarmos o PED e deixar de lado os Núcleos e Setoriais, que até então eram a alma do Partido. Expulsamos parlamentares e deixamos que outros saíssem sem uma discussão aprofundada sobre o que realmente estava acontecendo, quais os reais interesses. Essa “nova” visão do Partido trouxe nomes da oposição para a legenda, negociou votos para o Rodrigo Maia na Câmara ou mesmo, a sobrevivência à Lava Jato.

Por outro lado, os reais donos do poder - os donos do capital, perceberam que o mesmo estava em disputa, em jogo. Parcela do PT passa a disputar o poder “por cima”, através de acordos que nos colocaram permissivos ao uso abusivo das doações financeiras. Entendido isso, os donos do capital passam a atuar estrategicamente na desconstrução da imagem do PT e de suas principais lideranças. Usam e abusam da falta de normatização da mídia e fecham acordo com uma classe até então “ignorada” politicamente, os juízes, promotores e procuradores, o Judiciário. As corporações estrangeiras também se colocam partícipes dessa estratégia, calando o governo americano em relação ao Golpe. São pelo menos 12 anos de massacre midiático que desembocaram no julgamento da AP 470, o Mensalão. Julgamento que arranhou, mas não impediu a vitória eleitoral do PT no Governo Federal, porém o Congresso Nacional começou a ser reconfigurado. Na reeleição da Dilma, a Lava Jato tentava terminar o que o Mensalão não conseguiu. De novo mantivemos o Governo Federal, mas o Congresso se transformou no pior Congresso da história brasileira. Nem a Ditadura obteve tal vitória. De lá para cá, o Brasil tem sua imagem e sua recente história destruída e achincalhada internacionalmente. Nossos “homens” da justiça, comprometidos com o “andar de cima”, rasgam as Leis, a Constituição e qualquer vestígio de moral pública ou individual. Voltamos a ser vistos, como uma República das Bananas como no início do século XX. Nada do que relatado aqui, incomoda os donos do poder, aqui e muito menos nas corporações estrangeiras de olho em nossas riquezas, em especial o petróleo. No dicionário deles, moral e princípios não existem para além de servi-los.

Hoje, no ano de 2016, mesmo depois de tudo que aconteceu, mesmo com o impeachment da Dilma em vias de ser aprovado definitivamente no Senado, o Partido continua dividido. Parte insiste nos acordos com o “andar de cima”, e parte tenta reviver as ruas. Mas os dias são outros, os mais empobrecidos continuarão fora das ruas, e a classe média que antes formava alguma opinião a nosso favor, hoje, com boa vontade, está dividida por conta do massacre midiático e cultural do projeto neoliberal. Os movimentos de 2013 não serviram de aprendizado, nem para a classe dominante, apesar de terem se apropriado do movimento e, muito menos, para parte da esquerda que não entendeu a mensagem colocada pela juventude. Mesmo as ocupações das escolas em São Paulo, com seu caráter totalmente horizontal, conseguiu abrir os olhos de alguns parlamentares e dirigentes políticos/sindicais.

Fato mesmo, é que a juventude já mandou o recado - o modelo está esgotado e não os representa mais. Precisamos mudar nossa forma de fazer política ou teremos pela frente um bom tempo de governos fascistas esquizofrênicos (que defendem o livre mercado). Precisamos construir juntos com a juventude uma nova forma de fazer política.

Abaixo, após o poema do Bertold, segue o texto do companheiro Marcos de Dios. Até porque, nada é imutável.

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá

NADA É IMPOSSÍVEL MUDAR
Bertold Brecht
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.

A crise política vivida na América Latina e pela sociedade brasileira está interligada a uma disputa interna entre frações das classes dominantes pelo controle do aparelho do Estado.  A disputa é dada entre grupos “desenvolvimentistas”, que pensam o estado nacional e grupos “financistas” que defendem o livre capital, o livre mercado. Ambos capitalistas. No outro lado da moeda, temos os partidos de esquerda, burocratizados e verticalizados, estranhando setores da sociedade, das classes populares, que estão gestando uma nova concepção de valores morais e familiares. Construtores de uma nova ética social baseada na verdade, na horizontalidade e respeito à autoridade constituída pelo diálogo conflituoso das relações interpessoais e o bem estar do Planeta. Construindo uma nova institucionalidade em todos os campos (família, escola, trabalho, política, economia, nas relações de Amizade e Amorosas,...), e lutando para romper com o papel que temos enquanto nação na divisão internacional do trabalho, nos imposto desde o período colonial. Construir uma nova unidade de esquerda, baseada não na uniformidade, pois respeitará as diferenças, formulará e discutirá horizontalmente as propostas programáticas que irão nos mover em direção a uma organização plural e democrática na sua radicalidade. Resistir através da transformação da realidade que nos cerca e principalmente, deixar de lado momentaneamente os interesses do meu grupo político em nome de um Projeto Maior, possibilitador da esperança construída coletivamente para uma sociedade mais solidária, humana, sustentável e como consequência, mais Justa e Amorosa.

Marcos de Dios
Prof. De Filosofia e História
Secretaria de Formação PT-Maricá

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