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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Os monstros saíram das tocas


Fiz questão de escrever sobre esse incômodo assunto, vários dias após o processo eleitoral que deu a vitória a Dilma Rousseff e ao escrever não sei se faço apenas pela questão ideológica ou por uma reação emocional, tamanha as loucuras praticadas e ocorridas no processo eleitoral e após as eleições.

Qualquer pessoa com mais de quarenta anos, viveu nem que seja em parte, o terror dos anos de ditadura militar e também qualquer pessoa com o mínimo de bom senso, mesmo que não seja ou ainda nem tenha sido um militante político, sabe que quem defende ditaduras é contra o povo e, portanto faz mal à sociedade, seja essa ditadura de direita ou de esquerda.

É inacreditável o que estamos vivendo no Brasil da atualidade, assim como é inaceitável, sob qualquer aspecto que em pleno século vinte e um, sob o pretexto da democracia vista sob a ótica do vale tudo, loucos, fundamentalistas, homofóbicos, racistas, fascistas e tantos outros paranoicos juntos, defendam um golpe militar e o enterro da democracia que tanto custou aos militantes brasileiros e da América Latina.

Em vários países latinos americanos, milhares de pessoas foram presas, torturadas, inclusive a nossa Presidenta e inúmeras delas mortas pelas mãos dos monstros que serviram à ditadura. Monstros esses, que se constituem na prática, pais dessa raça que está nas ruas de forma enlouquecida. Aqui mesmo no Brasil, muitos dos que lutaram contra a ditadura, depois de torturados e mortos, foram jogados aos peixes ou enterrados de forma clandestina e até hoje suas famílias estão à procura dos corpos. Além disso, muitas crianças que seus pais foram assassinados foram extraviadas para outros países e muitas delas sequer sabem sua história.

Só para se ter uma ideia do que estou falando, no governo da Prefeita Luiza Erundina, foram encontrados mais de mil corpos enterrados em valas no cemitério de Perus e até hoje essas ossadas recolhidas esperam por uma laudo que as identifiquem. Essas pessoas assassinadas, inclusive muitas crianças, jamais serão identificadas, pois seus algozes vivem e estão espalhados por várias partes do país e seus herdeiros encorajados pela impunidade, saem às ruas pedindo a volta de quem os produziu.   

Os monstros revelados nesse processo eleitoral, que pensávamos estarem mortos e enterrados, junto com quem eles assassinaram, surgem como zumbis como se tivessem saído daqueles filmes que falam das doenças de guerra desenvolvidas em laboratórios, aterrorizando passado, presente e futuro das pessoas que lutaram e lutam por liberdade e justiça, em busca de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Como se fossem clones, esses monstros vão se reproduzindo sem alma, sem vida e sem futuro, alimentados apenas pelo ódio e pela vontade de ter uma sociedade de raça pura, tal qual defendia Adolfo Hitler no passado sombrio da segunda Guerra Mundial.

Eles agem como aquelas revistas golpistas que ficam na sala de espera dos consultórios médicos. Simplesmente vão vomitando informações contraditórias, mesmo que nada saibam sobre o assunto, apenas apostando na confusão mental do eleitor e da população desinformada. Falam de intervenção militar, de golpe e de recontagem de votos, desacreditando do resultado das eleições, apenas e tão somente porque perderam. Nada falam da estranha vitória do tucano governador aqui em São Paulo no primeiro turno, assim como da falta de água que o candidato deles, recusando a ajuda do governo federal produziu.

Onde estava esse povo? O que de fato eles defendem? Como conviver harmoniosamente com eles, como se nada tivesse acontecido, após as eleições? O que deve ser feito para que voltem às tocas ou aos seus caldeirões? Isso é o que se pode chamar de democracia?

Se já não bastassem os malucos candidatos do primeiro turno, o mais incrível foi ver que um a um foram se juntando e assumindo a candidatura tucana e formando um verdadeiro “circo dos horrores”. Fico imaginando que o pior ainda poderia ter ocorrido, caso o candidato tucano viesse a ser o presidente, pois iríamos ver muitos deles como ministros e ministras ou colaboradores de um governo entreguista, neoliberal e, sobretudo sem moral, visto que o então senador candidato tem mais de quarenta graves denúncias pessoais sobre seus ombros, além da intensão de compor um governo com quem quebrou o Brasil três vezes e deu um golpe na poupança do povo brasileiro.

É obvio que como pesquisador, nem devo e não estou generalizando, afirmando que todos que apoiaram o candidato tucano, sejam do mal ou que sejam também defensores de uma raça pura branca, de elite e principalmente sem negros, índios, homossexuais ou pobres, mas o próprio fato deles compactuarem com todos esses segmentos e com as barbaridades denunciadas e várias delas comprovadas do candidato e não reagirem contra, os coloca numa situação delicada e cumplices com todas elas. Se não fazem parte do “circo dos horrores”, se não são golpistas, se não são fascistas que denunciem também como estamos fazendo, do contrário entrarão para história como integrantes de mais um triste capítulo, onde uma eleição democrática, em nome do ódio corre o risco de ser descaracterizada.

Agora tem uma coisa: depois dessas eleições não me venham mais com esse papo de que no Brasil da atualidade não existe mais luta de classe e que esquerda e direita não existem mais, pois se não existiam, que é uma mentira, pois sempre existiu, o processo eleitoral trouxe tudo à tona novamente e aquele papo de modernidade construído à base de choque de gestão austera nada mais é do que uma baita enganação para que o povo humilde acredite que elegeram seus representantes. O Brasil só é respeitado no mundo hoje porque um trabalhador e uma mulher, a partir de convicções forjadas a várias mãos romperam com a cultura da Casa Grande e deram voz à Senzala.

Ao analisar uma das pesquisas mais ou menos confiável nesse processo eleitoral, ficou bem claro que as pessoas com melhores rendas e recursos acumulados votaram no tucano e quem tinha menos posse e melhorou de vida nos últimos anos votou na candidata petista. A contradição esteve com o bloco do meio, aquele setor que a mídia chama de nova classe média e nós chamamos de nova classe trabalhadora. Não tinham nada e agora tem emprego com carteira assinada, filhos na faculdade com cotas, casa própria e tantos outros benefícios. Aí a dúvida: seguem os ricos porque é chique ou seguem o pessoal de baixa renda de onde vieram? Esse na verdade sempre foi, é e será o grande dilema da classe média. Imita quem nunca foram e fingem que sempre tiveram. Isso na prática se constitui em mais um preconceito. Há uma crise de identidade permanente nesse setor, pois não consegue determinar quem de fato é.

Todos esses fatores caracterizaram as eleições de 2014 como uma eleição atípica, principalmente pelo papel desenvolvido pela militância das ruas e das redes com um papel fundamental, para o bem e para o mal. Foi um verdadeiro campo de batalhas. Por mais fria que parecesse ser as redes sociais, compostas na maioria por amigos virtuais, onde em muitos casos nem se sabe exatamente quem são, a identidade ideológica ou ainda a paixão do momento nos aproximou. De um lado robôs e paranoicos pregando “Fora Dilma”, sem nenhuma convicção do porque ou ainda porque “cargas d´água” estavam apoiando um candidato tão contraditório e do outro lado, ruas e redes na mesma sintonia formavam a Onda Vermelha, uma onda direta dos corações.

Pelo conteúdo ideológico contigo no processo eleitoral e pelo ódio disseminado, alguns amigos foram perdidos, talvez sem volta, pois não dá para ser chamado de “petralha”, “ladrões”, “bandidos”, “corruptos” e outros adjetivos sem reagir. Da minha parte nesse louco processo eleitoral, só consegui respeitar minimamente quem eu sabia que estava votando nos adversários por convicção, mesmo sabendo que somos de dois mundos completamente diferentes, até mesmo porque lutamos pela democracia. Porém, quem banalizou o momento, enfrentei com veemência quem destilava o ódio e atuei como um militante de uma nobre causa, na defesa de tudo que foi construído nos últimos doze anos, em favor da população mais necessitada e atuei assim porque não penso só em mim.

Sabemos se tratar de uma luta ideológica, mas a extrema maioria da população não. Sabemos o que está em jogo, mas eles nem sonham. Sabíamos em detalhes a diferença dos dois projetos, mas grande parte da população foi e está sendo induzida por falsos pastores, por falsos religiosos e aproveitadores de plantão, além da mídia golpista pertencente a seis família abastadas, que defenderam e defendem todos aqueles que se colocam contra a participação social e a organização popular.

O Estado é laico, mas as igrejas e seus ditos líderes não. Em tese, não teria nenhum problema se fossem abertas as oportunidades para todos os candidatos apresentarem suas propostas, mas não dá para aceitar, padres e pastores do tipo malafaias e lucianos, pregar que Aécio é do bem e Dilma é do mal, além de pregarem ódio homofóbico coletivo. Iremos reagir cada vez que isso vier a acontecer. Cheguei a ouvir de muitos alienados, que quem vota em Dilma ou vai para o inferno como pregava alguns falsos pastores ou ainda que serão excomungados pelo Papa. Santa ignorância! Que baita lavagem cerebral!

Porém, que fique claro, que apesar de todas essas loucuras, podemos afirmar que foi uma eleição didática do ponto de vista político. Capaz de deixar claro, não só a diferença ideológica entre os dois projetos em disputa, mas principalmente por revelar o que pensam os apoiadores de cada lado, o que são capazes de fazer e o tamanho do ódio e preconceito escondidos até agora e que graças às ruas e as redes sociais foram desnudados. 

Aprendi mais do nunca que ser petista é de um lado ser xingado por homofóbicos, racistas, fascistas, fundamentalistas, preconceituosos e aqueles que odeiam negros, homosexuais, índios, nordestinos e principalmente os pobres, mas de outro ser amado por milhões de militantes que lutam por um país justo, fraterno e igual para todos e todas, sem a necessidade de perguntar a raça, a cor, a religião ou o time que torce. Os que vieram ao mundo para mudá-lo.

Enfim! Ser petista é surfar na Onda Vermelha, mesmo sem saber nadar, pois sabemos que no meio desse oceano chamado sociedade, milhares de olhos estarão atentos e milhares de mãos estarão sempre prontas para a solidariedade.

Que a liberdade seja plena. Que a democracia perdure e consiga sair das campanhas e invadir as ruas da cidade, dando voz e vez ao povo.
Que venha o Plebiscito por amplas Reformas Políticas e que venham os Conselhos Populares para dar voz a quem sempre delegou sem saber o que.

A luta por mais direitos sempre será bem vinda, porém as manifestações golpistas jamais terão nosso apoio.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro@ig.com.br


terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Brasil está de fato dividido?



Passado o sufoco da campanha, o nervosismo do medo de perder as eleições justamente para o setor que privatizou o país e só cuidou da elite e a euforia de mais uma vitória, chegou a hora de fazer minimamente uma breve análise desse processo eleitoral e o que poderão ser os próximos passos para os que militam por uma causa política e social.

Os resultados dessas eleições, se não forem bem digeridos como uma alimentação necessária da democracia e não como a última opção democrática, pode nos levar a interpretações e práticas pra lá de absurdas, ou ainda sem a menor racionalidade.


É claro que como um nordestino que se preza e tem vergonha na cara, também estou com a “faca nos dentes” devido ao desrespeito, racismo e tamanho preconceito cultuado por fundamentalistas e alienados tanto da elite como da população pobre que quer imitar a elite. Como petista, não consigo entender como uma grande parte da população não consegue entender que melhorou de vida, quando antes nenhum trabalhador podia financiar uma casa pela Caixa Econômica, ter um filho numa faculdade e muito menos viajar de avião, entre tantos outros avanços que o país teve.

Faço parte de um dos milhares de famílias que foram obrigadas a deixar sua terra natal e vir para São Paulo em busca de sobrevivência, por pura falta de opção e de políticas públicas econômicas e sociais. Assim como também outros milhares de crianças nordestinas e pobres, sofri muito na minha infância em São Bernardo do Campo, também por preconceito. Porém, a partir do momento em que comecei a participar das Comunidades Eclesiais de Base, da vida sindical e posteriormente da vida partidária no Partido dos Trabalhadores, descobri que a questão não era geográfica e sim de ordem política-ideológica, pois os pobres do sul não são diferentes dos pobres do norte e nordeste e tampouco o racismo daqui seja diferente de qualquer parte do mundo.

Hoje considero São Paulo parte da minha vida e outras partes do Brasil como parte da vida de todos os brasileiros. O ódio, preconceito, racismo, homofobia e tantos outros comportamentos desprezíveis usados nessa campanha, fazem parte da reação daqueles e daquelas que sempre tiveram e não suportam dividir ou ainda dos que não tem e acham que quem estar tirando deles é a classe de baixa renda. Tudo isso impulsionados pela falta de solidariedade. Muito desses ou dessas que estão nesse time, fazem maldades de segunda a sábado e no domingo rezam, oram e fazem benevolências como voluntárias, como se a verdadeira missão da vida fosse isso. A vida em comunhão requer muito mais. Essas pessoas agem como se tivessem ainda na Casa Grande em oposição à Senzala que resolveu dar seu grito de liberdade.

É nesse cenário que nascem todas as desavenças. É dessa forma de pensar que nasce a arrogância e a discriminação e é por onde brota principalmente a raiz da corrupção. Muitas dessas pessoas que bradam por justiça, acham normal corromper um servidor para que o mesmo retire do sistema de uma prefeitura seu nome evitando uma multa de trânsito, por exemplo. Ou ainda, se empresário, “molhe” a mão de um servidor para que sua empresa possa ganhar uma concorrência. Isso para eles não é corrupção e sim uma necessidade de sobrevivência. A Presidenta Dilma interrompeu esse ciclo quando sancionou a Lei 12.846/14, chamada de Lei Anticorrupção, que pune corrupto e corruptor.

Vendo e assistindo esse “circo dos horrores”, sem exercer minha prática usuária de pensar, minha vontade inicial é pegar a música de Ivanildo Vila Nova, que por sinal é parente da minha esposa, “Nordeste Independente” e começar uma luta no país pela divisão do nordeste, exatamente como está na letra da música.

É claro que se trata de uma atitude tão insana como a deles que de fato propõem essa divisão, principalmente porque sabemos que a questão é político-ideológica e esse mesmo preconceito existe em todas as partes do Brasil e do mundo. Os fundamentalistas que militaram nessa campanha e espalharam o terror não é azar só nosso, pois milhares deles também existem em várias partes do mundo. São agentes da luta de classe. Lutam para ter um país só deles: sem negros, sem homossexuais, sem os índios que expropriaram suas terras, sem gente que pensa e, sobretudo sem pobres com direitos, pois os sem direitos eles querem para fazer o trabalho pesado e menos qualificado, além de muitos que ainda os querem como escravos. Não aceitaram até agora a Lei Áurea.

A militância política nos faz caminhar e a luta por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas nos une. Precisamos em nome de um projeto maior termos muita calma nessa hora de provocação e lembrar que quem perdeu foram eles. O projeto que defendemos tem mais quatro anos para ser aprimorado e internamente temos tempo para ajustar o partido de acordo com os anseios das ruas e da onda vermelha.

Tenho plena confiança que o Brasil não está dividido e sim contaminado pelo ódio e pela intolerância. Muitos dos que votaram contra Dilma são pessoas de bem e foram enganadas pelo terrorismo político exercido nos últimos doze anos pela mídia golpista, pelo fato de não terem nenhuma informação e beberem da fonte dos algozes que promoveram a ditadura no passado e privatizaram o país na era FHC e levaram o dinheiro para bem longe, como está escrito nos Livros: “A Privataria Tucana” e “Brasil Privatizado”. Esse público que foi usado por eles não é para ser desprezado e muito menos combatido e sim conscientizado.

Portanto, se faz necessário que ampliemos os canais de comunicação, que levemos à população o que foi feito, o que está sendo feito e como ela, a população, poderá participar da formulação, implantação e controle de todas as políticas públicas de seu município e assim passar a ser sujeito de sua própria história. Precisamos também criar uma Política Nacional de Comunicação que regre a informação, ou ainda que em nome de uma falsa liberdade, uma revista, um jornal, uma rádio ou ainda um canal de televisão, seja impedido por lei de praticar crimes eleitorais e terrorismo, seja contra que partido for, como foi o caso de todos os jornais, dos canais de televisão, dos rádios e das revistas, que fizeram terrorismo o tempo todo e praticaram crime eleitoral na véspera das eleições, com o nítido propósito de prejudicar a candidata Dilma. Ou seja, planta-se um factoide e depois quem se sentir prejudicado que corra atrás.

Em resumo, existe de um lado um projeto sustentado por mais de 500 anos no Brasil, de puro feudalismo, onde os coronéis, latifundiários e os capitalistas selvagens mandaram e desmandaram apoiados pelas forças econômicas de dentro e de fora do país e de outro um projeto que ousou eleger um trabalhador que mudou o país, inclusive pagando a histórica dívida externa, herdada desde a Proclamação da Independência e uma mulher num país extremamente machista, onde se assassina uma delas a cada hora e meia e uma agredida a cada quinze minutos. Esse é, portanto o texto, contexto e o enredo principal das eleições de 2014.

Como a Presidenta Dilma respondeu ontem ao apresentador global: a instabilidade nasce através da ilação irresponsável, da mentira e do terrorismo praticado sem que a vítima tenha o direito de defesa.

Quem veio ao mundo a passeio, como dizia Carlito Maia, ou votou por votar ou ainda pior, votou de forma alienada induzida por algum líder fundamentalista ou conduzida pela mídia golpista e por mais dificuldade que tenha de traduzir o que quero dizer, está na hora de ler, buscar informações, votar em quem tem um projeto participativo e, sobretudo se indignar em ser usado. Nenhum padre, nenhum pastor, nenhum apresentador poderá ser dono do futuro de ninguém.

Toda pessoa que não se informa, não lê e muito menos participa do mundo que o rodeia ou da vida política e social, acaba se tornando um alvo fácil para os aproveitadores de plantão, ou ainda uma pessoa alienada, onde a divergência sem fundamentação vira mera obsessão, como estamos acompanhando estarrecidos nas redes sociais.

Termino dizendo que foi uma das mais complicadas eleições que participei. Neoliberais, fundamentalistas e neossocialistas juntos, sob o domínio do ódio contra o PT, Lula e principalmente contra a candidata Dilma e como donos absolutos da verdade, simplesmente ditaram em quem votar. 

Só para se ter uma ideia em quem  a população votou no primeiro turno, dos 513 deputados eleitos, 247 deputados fazem parte da bancada milionária, com patrimônio individual de mais de dois milhões de reais cada. Além disso, tem a bancada da bala, formada por gente que primeiro atira e depois pergunta quem era, a bancada dos malafaias e felicianos, a bancada do agronegócio, a dos que lutam contra a reforma agrária, a dos que querem a redução do Salário Mínimo, a dos que defendem a redução das leis trabalhistas e tantas outras coisas contra o que se conquistou em mais de cem anos. Pergunta que não quer calar: quem senão a população mais carente votou nesses indivíduos? Será que votaram conscientes? 

O mais trágico é que tudo que foi feito foi em nome da democracia, como se tudo fosse normal. Desde xingar a mãe dos petistas e nordestinos, até pregar a construção de um muro dividindo de Minas Gerais acima e Minas abaixo. Tudo na maior naturalidade. É certo que muitos deles serão processados por muitos crimes, mas até que isso ocorra chegaremos ao próximo pleito.

É bom que se diga que democracia nem de longe é isso que ocorreu nessas eleições, além de que a tal da democracia representativa está em seu leito de morte. Ou se alia à democracia participativa, para que os escolhidos tenham base ou todos são e serão “garrafinhas” a serem trocadas por votos.

Como somos militantes de uma causa, maior até do que o partido que defendemos, entramos de cabeça na briga. Defendemos nossos companheiros e companheiras, defendemos nossa candidata, contra argumentamos quando foi possível e radicalizamos quando necessário. Creio que a militância virtual teve um papel fundamental e a militância das ruas foi imprescindível. O resultado não seria o mesmo se não houvesse a Onda Vermelha nas ruas e nas redes.

Porém, além disso, temos que nos ater em algo maior: nossa organização, nossa disciplina partidária e nossa forma de responder a esse ódio e ajudar a nossa Presidenta governar esse país. Para cada ódio oferecemos um convite para um curso de conscientização política. Assim, na próxima eleição, mesmo que votando na direita ou na extrema direita, terão a oportunidade de não se comportarem como analfabetos políticos com bem dizia Brecht.

Logo de cara duas tarefas importantes: ajudar a Presidenta na implantação da Política Nacional de Participação Social e na realização do Plebiscito pela Reforma Política no país. A partir de então, em cada espaço do país haverá um Fórum Popular onde o presente e o futuro estarão sendo debatidos.

Que Deus nos dê sabedoria para que possamos nas próximas eleições estarmos muito mais organizados e conscientes do que estivemos em 2014.

Viva a Democracia!
Viva a Onda Vermelha!
Viva Dilma Rousseff!
A primeira mulher eleita e reeleita Presidenta do Brasil.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro@ig.com.br