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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Antes sonhar com o impossível do que fantasiar com o que sequer existe

Muitos acontecimentos na vida política do país e na nossa região de Campinas têm me preocupado nos últimos tempos, pois o que está em jogo não é a vida de fulano ou ciclano e sim o destino de um partido que fez história.
Como o brasileiro não tem cultura partidária e não consegue entender que não há democracia sem partidos, joga tudo no sujeito partidário e não em quem usou e usa as siglas para seus interesses pessoais e a saga de poder. O que deveria ser de fato discutido é qual é o projeto politico-ideológico que esse ou aquele partido defende, pois aí saberíamos de que lado está ou a quem serve.
De antemão quero destacar o PT de Campinas que com todos seus problemas e disputas internas, amadurece e por unanimidade lança o nome de Marcio Pochmann para prefeito, com uma vice mulher e com composição paritária. Algo inovador num país de herança machista entranhada no nosso dia a dia.
Quero iniciar essa conversa me perguntando até que ponto a militância política cresceu nos últimos anos que a fizesse defender com clareza uma causa? Até que ponto quem se considera liderança não usa ainda sua base política como verdadeiras “garrafinhas”, que servem apenas para votar? Até que ponto o Partido dos Trabalhadores cresceu, que possibilite rejeitar candidatos e candidatas que transformam seus mandatos em mandatos de resultados, como se fossem gestores de empresas privadas? Estamos preparados para substituir os candidatos eternos? Trabalhamos nossas bases para a renovação?
São muitas perguntas em busca de novas respostas. Quem vive a vida partidária passo a passo não pode se deixar contaminar por essa ou aquela conduta, que nada tem a ver com as comuns divergências das sadias linhas de pensamento, onde só o PT tem. Quem não aceita isso é porque quer o partido só para si para atender suas necessidades e aí a luta será dura.
Numa visão mais geral, há de notar que a vida politica do país passa por uma verdadeira convulsão social. De um lado alienados e alienadas em fúria marcham para o precipício, sem ao menos se darem conta que estão sendo massa de manobra de malafaias, bolsonaros, cunhas e tantos outros calhordas e do outro um movimento que ressurge das cinzas, diversificado, com pouca origem partidária, porém com um cunho ideológico muito claro. Lutar pela manutenção da democracia e da liberdade política.
O que se faz necessário e urgente é discutir com esses movimentos e com os grupos que vão se organizando, se esse momento para eles representa o sonho de mudanças profundas na sociedade ou apenas a fantasia do enfrentamento que poderá morrer quando a primeira barreira for rompida.
Uma das diferenças entre sonhar e fantasiar, é que enquanto sonhar requer um caminho a trilhar que pareça viável, mesmo que leve tempo, fantasiar caminha na velocidade do vento, sem direção e com a sensação de que de fato aconteceu. Enquanto sonhar nos compromete e nos responsabiliza por às vezes nos distanciar dos sonhos por pura distração, fantasiar se constrói na calada dos nossos silêncios, muitas vezes de forma irresponsável. Enquanto os sonhos nos alimentam, a fantasia nos engana de que estamos alimentados.
Embarco nessa abstração para tentar moldar no campo da militância política, quem milita por uma causa e quem é levado pelas fantasias de alguém. Quem age impulsionado pelas escolhas conscientes e quem age apenas por interesse no que chama de poder, ou ainda para alimentar o ego e os sonhos sejam de quem for.
A meu ver, os desencontros contidos numa sociedade de desiguais e manipulados pela fantasia dominante, leva grande parte da população a enxergar sonhos como ilusão, enquanto fantasiam sem compromissos e sem responsabilidades, compondo um cenário do faz de conta, seja por ação ou por omissão. Não vivem de fato a vida, são apenas levados por ela.
Essa viagem ao faz de conta seduz, não só os que poderiam ser considerados como alienados e alienadas, mas infelizmente também o universo de instituições como sindicatos, partidos, organizações não governamentais e principalmente o universo político eleitoral, onde a extrema maioria decide uma eleição pura e tão somente pela emoção e muito longe da razão.
Toda vez que uma pessoa vai à urna votar apenas porque é obrigado, age ou por desprezo, induzido por uma mídia viciada e partidária, e assim vota em qualquer um ou uma ou ainda vota por pura paixão, achando que seu candidato é o melhor, sem ao menos conhecer suas reais intensões. O resultado é esse Congresso Nacional espúrio. O mais conservador e reacionário da recente história do país. Ou seja, a pessoa desinformada não constrói e sim é levada a construir sonhos alheios ou ainda embarcar na fantasia que não lhe pertence.
Como dizia Paulo Freire, sonho com uma sociedade se reinventando de baixo para cima, onde, a partir de um processo anárquico consciente, questione-se e peite-se toda forma de poder exercido de cima para baixo. Nesse processo, mais vale um ano de experiência popular do que cinquenta anos de vida política, dedicada ao próprio ego. 

Mesmo que a democracia representativa fosse apenas o ato de votar, defendo que as pessoas exerçam esse direito sem serem manipuladas ou conduzidas como as garrafas são num caminhão de entrega.
O ato de sonhar começa a se materializar no exato momento da revolta e se concretiza quando as pessoas dizem não a qualquer sistema que oprima e alimente o poder de alguns e algumas contra a maioria que se faz conduzida.
Na vida real sonho e fantasia se completam, porém na vida política a fantasia afasta a possibilidade da luta concreta e aí acaba virando um pesadelo.
Que tal transformarmos as "garrafinhas" num exército de homens e mulheres que dirão sim para o que sonham e não para as fantasias seja de quem for?
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

sábado, 11 de junho de 2016

Uma Liderança Comunitária ou um Político de Carreira?

Caro leitor ou leitora, quem você respeita mais? Um Político de Carreira, onde a política a única profissão e para tal afasta ou anula quem aparecer mais do que ele ou ela, com medo de alguém que se destaque e venha a ameaçá-lo, ou uma Liderança Comunitária que surja da população e dos setores organizados e seja escolhida para representar o projeto ou o seguimento? Quem é mais digno de sua confiança?

Você acha que se o povo tivesse consciência política e clareza suficiente para decifrar os códigos e os jogos do poder, quem seriam eleitos(as) nas eleições? Os políticos profissionais com seus projetos pessoais ou de seus grupos de interesse ou as lideranças populares escolhidas a partir do processo de participação? A partir dessa visão, quem estaria mais frágil a um impeachment, Dilma ou um político tipo Alckmin? Lula ou um feito FHC?

Quem dos dois modelos (político de carreira ou liderança comunitária) está mais propício à bandalheira e aos caixas dois para as campanhas milionárias? Quem precisa mais de marketing eleitoral? Quem precisa mais de carregadores de bandeiras? Quem vai ter mais gente voluntária interessada na campanha e colaborando de forma gratuita?

São várias perguntas com uma única resposta: a tal da democracia representativa sem participação está em crise mortal. Está na UTI, convalescendo, pelo simples fato de não representar ninguém a não serem os próprios políticos de carreira e seus escusos interesses, pois não nasceram da participação e sim do oportunismo. Na verdade esse tipo de político quer o povo que questiona bem longe, principalmente depois de eleito.

Em minha visão, aí está o nó crítico da política brasileira. O ponto de partida para uma possível explicação do que chamamos de politicalha, ou ainda na longa caminhada, desde a República para explicar tantos golpes, repressões, ditadores e porque não dizer para o moderno golpe “democrático” em curso no país. São políticos sem projetos participativos e se acham seres iluminados que vieram ao mundo para serem servidos de votos.

Quem não conhece um ser profissional de carreira que nasceu vereador, deputado ou senador e pretende morrer como tal, sem contar que no meio desse oportunismo nascem também os cargos executivos com prefeito(as), governadores(as) e para a Presidência da República que são eternos candidatos(as). Esses ou essas jamais admitem o surgimento de alguém que ouse lhe tirar a possibilidade de uma candidatura eterna. Creem piamente que nasceram com dons especiais. Que foram escolhidos pelo Criador para velejarem eternamente pelos mares do poder. Acreditam ainda que só eles ou elas serão capazes de resolver todos problemas da humanidade.

Trata-se de um fenômeno velho e conhecido, que está mais para a questão cultural do que para a questão política em sua essência. Porém, na prática se transforma no que estamos vendo hoje, com alianças mercantilistas, campanhas caras e a corrupção como elemento chave para os desvios de dinheiro público, seja para enriquecimento pessoal ou para financiamento de campanhas. Tudo em nome da tão surrupiada democracia.

Ideologicamente essas criaturas servem ao poder econômico global, seja de que partido for e qual sua plataforma política, afinal papel aceita tudo e a política tradicional também. Nela, vale mais quem tem um conchavo convincente do que um projeto escrito a várias mãos.

A verdadeira política se faz em campo, junto com os setores organizados da sociedade, promovendo novas lideranças através do conhecimento, criando conselhos de mandatos, criando conselhos populares, ajudando a população a se organizar e, sobretudo, respeitando os Fóruns Temáticos e Populares, que é de onde poderão sair os políticos de fato representativos para os próximos pleitos. Quem faz o contrário serve aos seus interesses e se torna uma falsa liderança no poder.

A maioria dos atores da política brasileira nunca praticou nem dez por cento do que pregam ou pregaram, portanto são palavras jogadas as vento, onde a população sonhadora compra como verdade absoluta.

Como dizia Paulo Freire: A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

sábado, 4 de junho de 2016

A importância da escolha de uma candidatura própria

Estamos diante de um processo eleitoral para prefeitos(as) e vereador(as) complicado, pois estamos em pleno golpe político e o pior, tramado e articulado pela extrema direita junto com os chamados “aliados” do Partido dos Trabalhadores. Os “amigos bons de votos”. Diante disso uma pergunta necessária: o PT deve lançar candidaturas próprias mesmo com grande possibilidade de perder em várias localidades, ou se aliar a alguém, em muitos casos a reboque de uma candidatura, apenas para mostrar que está vivo, ou ainda em troca de alguns cargos?

Imagino se tratar de uma resposta complexa que requer antes de tudo atitudes, visto que o PT no momento se encontra na berlinda de um processo golpista, que simplesmente anseia e trabalha pelo seu fim. Só isso já reforçaria a ideia de que o PT tem que ocupar todos os espaços possíveis em causa própria e se aliar apenas aos partidos que não compactuaram com o golpe, estabelecer regras, a partir de suas resoluções de quem serão seus candidatos, além de participar das alianças políticas sendo protagonista e não apenas pela composição e participação, como se fosse de favor.

Como filiado defendo a ideia de que o Partido restabeleça, potencialize e aposte cada vez mais na formação política, com todas as correntes participando, pois só o conhecimento livrará a base partidária de ser tratada por alguns como “garrafinhas” e ser chamada apenas para votar. Para os veteranos da vida política como eu, a luta por uma causa acaba se transformando em nosso projeto de vida e os interesses pessoais acabam dando espaço para toda ação e reação que tenha à frente a melhoria da qualidade de vida de milhares de pessoas excluídas da sociedade e para isso a formação política é fundamental. 

Nessa caminhada, o Partido dos Trabalhadores foi e ainda é para uma grande parte de sonhadores e sonhadoras, o ponto de encontro da diversidade, a interação com a causa e o amadurecimento para uma ruptura política definitiva com a sociedade de desiguais, rumo à construção de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Quem pensa dessa forma jamais aceitará a ideia do Partido ter um pensamento único, ou seja, apenas uma linha de pensamento. É a pluralidade que o alimenta. A disputa de ideias e a pluralidade das linhas ideológicas, através das diversas correntes é o que garante que de fato o PT seja um partido e não um Inteiro, como é comum em quase todos os partidos.

Outro fator a ser observado e um dos grandes equívocos de muitos dirigentes de alguns partidos do campo da esquerda e porque não dizer também de parte da militância política, foi o de se enveredarem pelo “canto da sereia”, de que o PT e seus aliados, ao chegarem à Presidência da República, tinham também chegado ao poder e não apenas aos governos. Esqueceram talvez de que, como bem afirmava Karl Marx, num país capitalista quem determina é e sempre será o econômico. Quem duvida disso é só analisar o fundamento político e ideológico do golpe em curso e a quem o golpe serve.

Vale lembrar que o Capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos e não públicos. Todos e todas que lhe afrontarem terão como resposta, ou a repressão ou um esquema golpista como vivemos na atualidade.

É importante ressaltar também que o golpe político em curso não foi articulado nesse momento e sim estrategicamente elaborado há anos. A direita política com toda liberdade de ação trabalhou nas entranhas do poder e preparou um desmonte do projeto político e social defendido pelo Partido dos Trabalhadores, não via Forças Armadas e sim a partir do próprio Congresso Nacional e do Senado. Trata-se de um golpe moderno, à luz da Constituição e com o apoio da bandalheira eleita.

Qual o maior desafio do momento? Não permitir que a direita organizada com todos seus instrumentos, caminhe firme rumo ao pedido e consolidação de cassação de registro do Partido dos Trabalhadores e criminalize, junto com os movimentos sociais, qualquer ação que envolva a militância política do país.

Não se trata apenas de uma preocupação, mas de um fato que está sendo trabalhado no âmbito da Lava Jato, que tem como premissa principal derrubar Dilma, prender Lula e cassar o registro do PT. Esse é o campo de luta que envolve toda militância.

Os primeiros passos já foram dados e os demais estão em curso, que envolve entre outras ações, o encurtamento do Partido com alguns e algumas saindo dele para não serem chamados de petralhas, a caminho da sedução das carreiras-solos e de seus projetos pessoais, assim como uma drástica redução do número de prefeitos (as) e vereadores (as) nas próximas eleições. Outra tática da direita e da justiça partidária é a perseguição a lideranças chaves, como por exemplo, a condenação a José Dirceu e a prisão de outros nomes graúdos. Uma verdadeira devassa partidária.

A partir desse cenário, se fazem necessárias a defesa intransigente da vida partidária e a defesa clara e cristalina do projeto que os militantes defendem.

Não há nada mais importante nesse momento, do que o Partido mostrar sua cara, defendendo o projeto escrito a várias mãos e lançar candidaturas próprias em todas as localidades possíveis, com o firme propósito, não apenas de ocupar uma cadeira, seja no executivo ou no legislativo, mas de continuar e resgatar as bandeiras históricas que fizeram com que a população brasileira votasse por quatro vezes em Lula e Dilma, assim como voltar às ruas na defesa das principais lutas onde o povo ainda excluído estiver presente.

Algumas razões para a defesa de uma candidatura própria:
  1. A possibilidade concreta de trazer para o âmbito do processo eleitoral a possibilidade de defesa da vida partidária, assim como a visão de que o Partido não está morto, como pretende a direita e a imprensa golpista e sim mostrar que não só ele está vivo, como pretende ampliar o escopo do projeto formatado até o momento de forma participativa.
  2. A possibilidade de ampliação do debate com a sociedade de que o partido continua na defesa da parcela ainda excluída da sociedade, junto com os atores envolvidos, assim como na defesa intransigente de tudo que foi conquistado pelos trabalhadores e por grande parte da população.
  3. A possibilidade de mostrar que o Partido dos Trabalhadores e sua história são muito maiores do que as crises que o cercam, ou ainda dos desvios de algumas pessoas que usaram a legenda em benefício próprio e terão que pagar por isso.
  4. A possibilidade de usar o ambiente eleitoral para formatar e cumprir junto com a sociedade um Plano de Governo dinâmico e participativo.
  5. A possibilidade concreta do Partido não se comportar como figurante, sendo levado a reboque de nenhuma candidatura, apenas e tão somente por participar e sim trabalhar a ideia do partido ser protagonista de sua história e de suas experiências concretas.
  6. A possibilidade de envolver a militância ativa ou quem se encontra afastado por vários motivos, na defesa de propostas próprias e compromissos de participação efetiva, seja nos Conselhos de Mandatos de vereadores ou ainda nos Fóruns Municipais a serem criados.
  7. A possibilidade de motivar filiados, filiadas e simpatizantes nos Cursos oferecidos pela Fundação Perseu Abramo, como por exemplo, o Curso Difusão do Conhecimento, que discute entre outros conteúdos a função da militância no processo de formulação das Políticas Públicas.
Essas e outras razões, expressas nas Resoluções Partidária, nos afirmam que defender uma candidatura própria, num momento tão difícil como o Partido dos Trabalhadores passa, além de ser uma obrigação, se constitui num compromisso público de continuidade das lutas concretas e da visão de que em muitas ocasiões ganhar é perder e perder é ganhar.

Como militante de uma causa, prefiro me enveredar pelos caminhos da luta, mesmo que seja recheado de contratempos, do que servir ao nada apenas para satisfazer minhas vaidades.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

domingo, 29 de maio de 2016

Dilma não errou, foi honesta.


De acordo com os golpistas, em seus telefones grampeados, Dilma tinha que sair. É unanimidade entre Senadores, Deputados e donos de empreiteiras, que a presença da presidenta como chefe de estado não contribuía para o que eles entendem como política: Dilma não parou a operação lava-jato; Dilma não fechava acordo; Dilma não aceitava entrar em esquemas; Dilma não era de confiança dos políticos corruptos. Entre as falas, Dilma era honesta demais.

Dilma teve o impedimento do seu mandato porque moldou um governo buscando driblar chantagens dos parlamentares, deu autonomia investigativa à polícia federal e não utilizou do dinheiro público para benefício pessoal. O filósofo Platão dedicou suas últimas décadas a construir o conhecimento primário sobre a Política e as intenções dela aos republicanos. Aristóteles, seu discípulo, fez críticas à filosofia dele e dizia que ética e política não se relacionam. Partindo deste entendimento da filosofia grega e aos olhos dos golpistas, o impedimento de Dilma era não só correto, como necessário, pois ela era ética.

Uma vez que ela, enquanto chefe de estado buscou a ética, quebrou um laço histórico de fazer política no Brasil, com jeitinhos e acertos internos contrários à vontade do povo. A saída da Dilma é o “status quo” de uma turma que tem o sobrenome corrupção: governam a sexta maior economia do mundo com práticas de privatizar bens públicos e destruir direitos conquistados com muito sacrifício por toda classe trabalhadora.

Que tenhamos mais Dilma, que possamos ter mulheres, sim, na política! E não somente homens brancos e ricos, como agora. Por mais honestidade e por princípios que não sejam individuais, mas sim coletivos.

Leonardo Koury - Escritor, blogueiro e militante dos movimentos sociais

domingo, 15 de maio de 2016

Ai que saudades das Cebolas do Egito

                                                                         
Bruno Francisco Pereira

Os últimos acontecimentos do país são sinais claros que estamos em tempos de muita disputa e muitas coisas ainda necessitam ser esclarecidas, mas uma coisa é muito clara o GOLPE da elite brasileira cada vez mais se consolida. Cabe também neste momento uma reflexão bastante coerente, clara e objetiva do que está por detrás deste golpe, e ao mesmo tempo temos clareza que ele se consolida porque foram deixados espaços para que ele avançasse.
Nesta última década que experimentamos os governos pós-neoliberais na América Latina, a elite deste continente sempre esteve por detrás de tentativas de desestabilizações da democracia. Foi assim na Bolívia, Venezuela, Paraguai, Equador, Argentina e agora no Brasil. Países estes que durante os anos de 2000 para cá tem se demonstrado, com todas as suas limitações, trincheiras de resistência contra a degradação socioambiental que o capitalismo neoliberal provocou e ainda vem provocando no continente e não dá para negar a história que as políticas implantadas nestes países e que favoreceram milhões e milhões de pessoas deram certo e elevou o grau de cooperação e solidariedade entre as nações do continente.
Estes avanços vão contra os interesses das grandes corporações, que aliadas às mídias tradicionais viram seus interesses serem ameaçados, e por isto que uma nova agenda neoliberal avança neste continente e o Brasil se torna o exemplo mais claro desta nova conjuntura. E todos nós sabemos que foi este mesmo neoliberalismo econômico que chegou ao Brasil nos anos 1990 com e eleição de Fernando Collor de Mello, mas que foi aprofundado nos oito anos de outro Fernando o Henrique Cardoso, que levou o Brasil a quebradeira nos final da década.
Voltar ao passado, retomar estas politicas que penalizam os pobres, me fez lembrar-se do Antigo Testamento em que o povo estava a caminho da terra prometida e que na primeira grande dificuldade quis lembrar o tempo em que estavam na escravidão do Egito, querendo voltar aquelas mesmas situações anteriores sobre a opressão e violência por parte do Faraó, esta passagem que está no livro de Números, capitulo 11 versículos de 1 a 23, podem explicitar em muito o momento atual em que estamos inseridos. Como a nossa sociedade tem saudades das “cebolas do Egito”, tempos em que as dificuldades eram maiores e que este mesmo povo estava á margem da sociedade. Onde seus direitos eram deixados de lado, onde o lucro e o poder eram o que interessavam para a elite brasileira.
O que o governo Temer nos mostrou nestes dois dias foi exatamente isto, a volta de uma política que já deu errado e tem tudo para dar novamente, em 12 horas de governo de quinta a sexta feira, os primeiros anúncios já eram o prenuncio de que seria de fato um governo que iria olhar somente para a elite esquecer os anos de avanços na democracia e no respeito aos direitos sociais da maioria da população, valorizar o deus mercado em detrimento da maioria da população.
Cabe a nós, manter as trincheiras da Resistência, denunciar ao mundo o golpe que esta em curso no Brasil, buscar a solidariedade de nações e organismo que não compactuam com estes desmandos da elite, criar uma frente de resistência dos pobres para que este governo, ilegítimo e impopular possa ser derrotado de uma vez por todas. Agora é a hora de radicalizar a democracia, e radicalizar a democracia no dia de hoje e estar presente nas periferias, nos movimentos sociais, nas classes de lutadores e lutadoras sociais para retomar aquilo que nos roubaram a contra revolução social no Brasil só esta no começo.
Se temos algo a nos alimentar de esperança é saber que não saímos pela porta dos fundos como a elite entrou, saímos pelo mesmo local que entramos com apoio da população, com apoio dos pobres que sabem que tudo isto não passa de um golpe da elite brasileira e das grandes corporações transnacionais que querem tirar proveito das nossas riquezas, para liquidar com algo que temos de valor estratégico para a nossa população que é o Pré-Sal que se estivesse sendo mantido a mesmo sistema de partilha nos colocaria em outro patamar em relação aos países do mundo todo, beneficiando setores estratégicos da população como Saúde e Educação.
Serão até cento e oitenta dias de debate em que teremos que fazer valer a vós do povo, de fato o projeto popular começa agora a ser construído e defender este projeto, contra a usurpação da democracia feita por esta elite é dever de cada um de nós, é dever de cada um de nós.

Bruno Francisco Pereira
Sociólogo - Militante do Coletivo do Grito dos Excluídos 
de Americana e Nova Odessa

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Que lições podemos tirar do golpismo

Antes de qualquer conversa é necessário que se esclareça que o golpe de estado em curso no Brasil se situa entre a ignorância política e o neoliberalismo disfarçado, comandado por uma trupe do mal que comungou com o golpe de 64, lutou contra as diretas já, aprovou várias leis e medidas contra o povo e outros que aderiram por puro oportunismo e enterraram de vez as convicções que diziam ter. Trata-se de uma modalidade moderna de golpe, pois ocorre no campo institucional e sem necessidade de envolver as forças armadas.

Outra questão tão importante quanto, é que essa intervenção moderna e de extrema direita, faz parte de uma nova fase do capitalismo mundial, visto que essa mesma prática ocorre nesse momento em várias partes do mundo capitalista, principalmente em vários países da América Latina, no sentido de conter o avanço das forças progressistas e intervir nas conquistas trabalhistas e os avanços de setores que sempre estiveram excluídos da sociedade.  

Para o bem e para o mal, o triste episódio do último dia 17 de abril ficou marcado na história do país, primeiro pelas aberrações que vimos e ouvimos dos defensores do “sim” e segundo pelo fato de que jamais teria ocorrido algo semelhante se o país estivesse sendo governado pelo PSDB e seus aliados neoliberais. Podemos afirmar que só ocorreu a aceitação do impeachment porque é o PT que está no comando e corre-se o risco de Lula voltar como presidente em 2018. Isso levou os agentes da casa-grande ao tudo ou nada.

Estamos falando de um daqueles momentos que chegamos a sentir vergonha de sermos humanos, tamanha a farsa e a hipocrisia. Tamanha a montagem amadora para velhos profissionais da política. Por outro lado o episódio mostrou como é fácil enganar grande parte da população, pois se assim não fosse os bizarros personagens legislativos seriam outros.

É importante salientar que se trata de um enfrentamento de classe e de medição de forças e pouco tem a ver com a competência da Presidenta Dilma e muito menos com o combate à corrupção. É na verdade um embate ideológico pela disputa do projeto que está em curso e o que a burguesia quer em substituição, a mando principalmente do capital internacional.

O que imagino ser de grande relevância avaliar, principalmente no campo da organização política e social, é o fato do país ter eleito um Congresso tão sinistro como esse, composto por mais da metade de parlamentares com grandes dívidas com a tal da justiça, quase metade ser da bancada milionária, além de mais da metade representar o latifúndio, num país eminentemente urbano. Isso sem contar, que num país de trabalhadores a maioria deles representa a bancada empresarial e muito pouca representação trabalhista, o que mostra também uma enorme fragilidade e desconexão com a realidade das entidades sindicais e a escassez de novas lideranças.

Um cenário ideal para o golpismo. Uma grande oportunidade para os golpistas rasgarem a CLT, junto com a Constituição e de quebra terem milhares de pessoas alienadas, cheias de ódio ao PT, aprovando seus atos e pedindo a volta da ditadura. O golpismo tem como grande suporte ideológico o PIG - Partido da Imprensa Golpista, que se comporta como protagonista do pensamento neoliberal e por outro lado mostra o grande erro do governo federal, de não ter criado regras para os meios de comunicação.

O fato mais grave é que essas criaturas do pobre e falido poder legislativo só se sai bem e fazem o que bem querem porque grande parte da justiça de fato é cega, surda e muda para as ocorrências com quaisquer pessoas ligadas ao PSDB e seus aliados, pois se forem ligadas ao PT, a eles simplesmente a lei.

A primeira lição que fica vem do fato do governo federal não ter investido na comunicação alternativa, como as Rádios e TVs Comunitárias, por exemplo, ou ainda a criação de um canal exclusivo com repercussão nacional, como fez a Venezuela e outros países governados pela esquerda.

A segunda lição a ser aprendida é saber que cada vez que um prefeito ou prefeita, governador ou governadora e principalmente um presidente ou presidenta faz alianças mercantilistas ao invés de programáticas, ficam reféns de oportunismos e oportunistas e só conseguem caminhar em seus mandatos, a custa de muitos cargos e/ou de muito dinheiro.

A terceira lição é reconhecer publicamente que a democracia representativa em curso agoniza. Encontra-se em estado terminal. A maioria dos eleitos do Congresso, com votos e apoio da população pobre, representa exatamente seus opositores, ou seja, o grande capital e dia a dia vai delapidando direitos trabalhistas, dos índios, dos quilombolas e principalmente os direitos sociais, que os classificam como gastos sociais e não como um dever do Estado.

A quarta lição é enxergar e entender que o grande enredo de fundo do golpe em curso é o controle absoluto do processo econômico do país. Querem novamente um exército industrial de reserva (contingente de desempregados), que possibilite o controle salarial e trabalhista. São atores políticos com a missão de facilitarem o acesso americano na gestão do pré sal e das reservas florestais, por exemplo. Além disso, pretendem aprovar os mais de 50 projetos que delapidam todas as conquistas e avanços dos últimos 100 anos, entre eles, a terceirização geral, a mudança de curso dos Projetos Sociais, além do fim do SUS e a prioridade absoluta ao ensino privado.

A quinta lição é entender o processo.  Ou se governa com o povo, respeitando suas organizações e incentivando a criação de outros instrumentos participativos e criando oportunidades de ouvir a população, ou tem que apostar na identidade das lutas, como é o que esta ocorrendo neste momento. O povo está nas ruas, muito mais por entender a gravidade dos fatos e o tamanho do prejuízo que pode ocorrer na tão frágil democracia do que pelo fato de ter sido ouvido ou ser protagonista no processo de governança.

A sexta lição vem das ruas nos mandando um recado. Se por um lado nunca vimos tantos e tantas fascistas e zumbis de direita juntos defendendo o golpe e contra a democracia, por outro vemos milhares de jovens, mulheres, negros, brancos, índios, quilombolas e trabalhadores de várias categorias, unidos se manifestando no Brasil e em várias partes do mundo contra o golpe, contra a mídia partidária e golpista e pela manutenção plena da democracia. Ou seja, o povo que luta pelos direitos, por liberdade e por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas, organizado ou não, sempre esteve lá aguardando ser chamado à participação. Que isso sirva de lição.

A sétima lição é a de que o golpe de estado em curso vai revelando a cara e a intensão de seus articulistas, como a traição e a falta de compromisso com a boa política. Fatos esses criados no seio das alianças mercantilistas, onde por um cargo ou uma parcela de poder vale tudo. Isso mostra duas realidades. A primeira é a de que se faz necessário capacitar e formar politicamente a população, principalmente no sentido de seus direitos e para que exerçam melhor o direito de votar e a segunda é de que juntar gente “boa de voto” para ganhar eleições pode levar ao atoleiro, como estamos vendo na atualidade.

A partir dessas constatações ficam algumas inquietações no ar. Como mudar essa realidade? Será via institucional ou via enfrentamento? O que virá após o golpe? Como resgatar alguns valores perdidos?

Creio que só será possível estancar esse cenário golpista com um enfrentamento organizado, seja no campo, nas cidades, nas redes, mas principalmente nas ruas, que em nome da democracia e da mudança da sociedade, mostre aos envolvidos que a luta é por uma causa e não apenas pela manutenção do governo ou de mandatos. Caso contrário, o país corre o risco de voltar pelo menos uns 100 anos na história. Seja o que for que virá, ou aprendemos e enfrentamos os erros ou eles poderão vir com muito mais vigor.  

Há de se entender, que se for para moralizar de fato esse país, uma das coisas que tem que acabar é com o profissional de mandatos. Aquela criatura que uma vez vereador, deputado ou senador, não quer mais largar o osso, quer morrer grudado no cargo. Essa prática, além de perniciosa, intervém diretamente de forma negativa, no surgimento de novas lideranças. É como se os eleitores necessitassem sempre de heróis ou heroínas e não de lideranças construídas no âmbito da participação.

A democracia representativa só sobreviverá se acabarem as candidaturas eternas e as pessoas eleitas tiverem bases participativas de fato e de direito, principalmente para se cumpram na prática os direitos constitucionais de participação e de controle social de todas as políticas públicas. Um dos caminhos para isso é criação e organização dos conselhos de mandatos.

A realidade nos mostra que a partir desse momento, nenhum de nós, nenhum partido, nem mesmo o país será o mesmo, pois grande parte da população busca luz enquanto outra parte caminha para as trevas e conta às lendas que quando estamos bem intencionados e bem acompanhados, todos os caminhos levam à luz e para lá que estou indo.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A luta continua!

O dia de hoje estará amanhã descrito nos livros de história. Como bom educador aprendi a contar na sala de aula que índios e negros sofreram a escravidão dos brancos, plebeus massacrados por reis, trabalhadores gerando lucro para burgueses e quem sofre todo processo golpista é o povo.

A luta é o que muda! Deputados votam por seus bens e família, não serão das panelas batendo, dos noticiários da Globo  ou das camisas da seleção a saída do problema que afeta todos nós: a corrupção.

Mas não vamos perder a esperança. Lenin de forma poética disse que nas noites mais escuras, se mostram mais brilhantes as estrelas. Se é a luta que promove mudanças não deixaremos as ruas se esvaziar. O rio e o mar dependem do encontro para juntos seguirem. Este encontro é tortuoso, mas é necessário para simbolizar a liberdade.

Avante, pois só mudaremos com luta e força. Devemos bombear todo o sangue para causar batidas de esperança e amor em nossos corações.

Leonardo Koury - Escritor, blogueiro e militante dos movimentos sociais

domingo, 3 de abril de 2016

Lutar pela liberdade mesmo que por caminhos não conhecidos

Quando ocorreu o fatídico golpe militar de 64 eu tinha apenas nove anos de idade e lembro apenas do som de um tiro de canhão, transmitido pelo rádio. Algo que não sabia explicar, porém a sensação que tinha era de muito medo.

Os anos se passaram e meu primeiro contato com a ditadura veio na militância política, iniciada na minha cidade de Belo Jardim-PE, a partir da intervenção do Padre Reginaldo, que acabou largando a batina e casando com uma colega de trabalho. Reginaldo nos passava que o pior da ditadura são seus instrumentos, como a AI-5, a LSN (Lei de Segurança Nacional), o SNI (Sistema Nacional de Informação), assim como os instrumentos de repressão e que por trás de várias pessoas que se diziam lideranças locais se escondiam os delatores do SNI. Entre eles padres, políticos de toda ordem, lideranças comunitárias infiltradas e outros vermes que serviram à ditadura.

Quando voltamos para São Paulo, a luta foi via CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), já no debate da igreja conservadora versus a Teologia da Libertação, no Teatro Amador através da COTAESP e com o Grupo Móbile de Teatro, nas lutas estudantis, na luta sindical e depois minha filiação no Partido dos Trabalhadores, onde permaneço até hoje.

A partir de então, nunca mais abandonei as lutas concretas por liberdade, justiça e por democracia plena. Entre tantas lutas que participei destaco a luta pelas Diretas Já, com o memorável Comício no Vale do Anhangabaú, o enfrentamento nas lutas estudantis, as memoráveis greves do ABC de 78, 79 e 80 e a caminhada da Igreja Matriz de São Bernardo do Campo ao Estádio da Vila Euclides no dia 1º de maio de 1980. Fazer parte de tudo isso me faz refletir e compreender que com certeza vim ao mundo a trabalho e não para passear pela vida, seja qual for à dimensão que vai alienando as pessoas.

Essa reflexão me leva ao absurdo que estamos vivemos na atualidade. Onde a mídia partidária e golpista se coloca ao lado dos herdeiros dos tempos de trevas para solapar todas as conquistas dos trabalhadores e das pessoas sofridas do país, que a partir dos governos Lula e Dilma conquistaram direitos que nunca tiveram e começam a enxerga que de uma hora para outra poderão perder tudo de uma só vez. Ou seja, ou vão à luta ou voltarão ao passado.

A ditadura representou uma ruptura nos sonhos. Um aborto dos pensamentos de uma vida melhor e principalmente a morte do processo de liberdade e de justiça, onde apenas um grupo e seus colaboradores tinham o que queriam e as demais pessoas lhes serviam. Foram milhares de pessoas que pagaram com a morte, torturas e a completa perseguição contra a liberdade de expressão e de pensamentos e por direitos antes conquistados. Quem defende algo como o que aconteceu no Brasil e em vários países da América Latina, ou vai lucrar com isso, como é o caso dos empresários, que financiaram  tantos golpes na América Latina ou serão delatores permanentes a entregarem quem se colocar contra os privilégios da casa-grande.

Muitos e muitas se venderam e continuam a venda. Um processo de traição que começa às vezes quando um político se torna profissional e seu exercício de servir à população construída numa peça de marketing eleitoral se transforma numa profissão, ou ainda quando alguém que nada tinha descobre como é fácil enganar e usar a população em benefício próprio, como diversos pastores, políticos e muitas pessoas envolvidas com o famigerado terceiro setor, que é instrumento neoliberal de suporte às privatizações das questões sociais do Estado.

A única coisa boa nessa história toda é saber que milhares de pessoas que se achavam distantes de tudo e que não sonhavam mais ou ainda que estavam acomodadas com suas poucas conquistas, estão dando a demonstração de que estão mais vivas do que nunca e não hesitarão em lutar por liberdade e por seus direitos que a turma da casa-grande quer solapar.

Jovens de todas as idades estão se alistando para as lutas e isso é certeza de que águas novas estão brotando e o povo se amando sem parar. Há um fio de esperança nascendo por entre as veredas deixadas pelo PIG e isso nos fortalece e nos faz acreditar que o melhor ainda está por vir, mesmo que seja através de uma luta concreta.

Como dizia Brecht: Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem.”

NÃO HAVERÁ GOLPE. HAVERÁ LUTA!

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

terça-feira, 29 de março de 2016

Quando a escolha de um vice faz toda a diferença

Tenho afirmado nos cursos que ministro pela Fundação Perseu Abramo sobre Gestão Pública, que na extrema maioria dos municípios, os governos são arquitetados, formados e geridos de forma mercantilista e não de forma programática. Ou seja, se junta pessoas para governar um município ou um estado, a partir de seus interesses e não a partir de um Plano de Governo, que pudesse ser o indicativo inicial para todas as ações de governo.

Esse fator faz com que cada secretaria de um governo se torne uma “caixinha de poder”. Uma nova prefeitura com regras próprias, como se fossem várias prefeituras num só governo.

A coisa se torna mais séria ainda, quando a escolha do vice se dá por interesse. Seja porque a figura é boa de voto ou faz parte de um partido que trará votos para a vitória eleitoral. Centenas de prefeitos e prefeitas adorariam que seus vices virarem pó. Desaparecessem do mapa. Porém, isso se torna impossível na medida dos pactos estabelecidos no processo eleitoral.

A escolha de Lula com o empresário José Alencar para vice, apesar de muita gente do PT achar que Lula iria ficar refém do empresariado, para o tipo de governo que Lula fez foi acertada, enquanto a escolha de Dilma trazendo Temer do PMDB, partido até então fiel aos acordos, se configurou no maior caso de traição dos tempos modernos. Um verdadeiro amigo-da-onça. Um clássico traidor, que primeiro conquista a confiança da pessoa e depois a entrega aos leões para ser devorada e ele assumir sua posição.

A chamada base aliada, a começar por um vice. Ou vem para a composição do governo a partir de um Plano de Ação Participativo, que comprometa as ações futuras e construa uma linha ideológica de atuação ou se tornará mais dias, menos dias, num clássico caso de traição como Temer representa nesse momento para o Brasil e para o mundo. Um golpista sem caráter, que tem por trás a maçonaria, que já esteve por trás também de tantas ações golpistas, como por exemplo, na renúncia de Jânio Quadros como presidente.

Uma coisa é certa. Quem sempre esteve do lado do império jamais estará ao lado do povo. Quem sempre esteve com a casa-grande jamais se aliará à senzala. Alia-se a eles achando que era assim, mas mudará a partir de um projeto quem quer ganhar eleições, porém correrá sempre o risco de não governar, como de forma tão didática está se vendo no caso de Dilma.

Uma coisa tem que ficar muito claro. Quem vende a ilusão de que a luta de classe acabou, comunga com o neoliberalismo, se apoia no famigerado terceiro setor e de quebra golpeia a democracia, na medida em que usa a teoria da conspiração como principal elemento de mediação na sociedade. A luta de classe está mais presente do que nunca e precisa reagir contra o desmonte democrático e de direitos, promovidos pelo Congresso.

O único aliado que se pode contar é o povo organizado e formado conscientemente a partir de seus direitos.

Voltar às ruas será a única saída para não haver golpe, assim como a manutenção da democracia requer menos políticos de carreira e mais lideranças populares organizadas.

As velhas raposas se unem para acabar com o galinheiro, com o firme propósito de trocar galinhas por tucanos, não se sabe se pela beleza das penas ou ainda pelo tamanho dos bicos que acumulará muito mais comida no futuro.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com

quarta-feira, 23 de março de 2016

A espera ansiosa da direita e do PIG pelo primeiro cadáver


De repente voltamos ao cenário do início do fatídico ano de 1964. Um clima de revolta abala a sociedade. De um lado golpistas e fascistas de toda ordem e do outro os defensores de uma causa, misturados à população atônita pelo que possa ocorrer.

Um clima de incerteza invade mentes e corações de quem já viveu essa mesma situação. Não sabemos sequer o que pode ocorrer no final de cada dia.

No olho do furacão, dois setores necessitam destaques. O primeiro setor empresarial, envolvido no processo cultural de corrupção através da sonegação fiscal e achando que isso não é corrupção e sim meio de sobrevivência, usa de forma clássica a crise de origem mundial, para aumentar os preços, demitir pessoas e pressionar de todas as formas a queda de conquistas trabalhistas históricas, através de seus aliados e representantes do Congresso Nacional. Tudo em nome da democracia e da ordem pública. O segundo muito mais pernicioso é a mídia golpista, pertencente a apenas seis famílias abastadas, com todos seus instrumentos, que prega o ódio diário e a divisão de classes, jogando uns contra os outros. No meu entendimento é a mídia, a grande responsável pela desavença atual e toda violência que ocorre em vários setores da sociedade.

O que pretende essa turma de golpistas juntos, além do golpe? O primeiro cadáver em confronto de ruas como já ocorre no futebol, para que o PT, Lula e Dilma sejam responsabilizados? Uma revolução para matar milhares de pessoas? Uma convulsão social que abale as estruturas da democracia? Como se permite ameaças declaradas de vários setores ao Ministro Teori e a divulgação do endereço de seu filho para ser linchado em nome do combate da corrupção e a imprensa maldita achando isso normal? Como admitir que a polícia brucutu de Alckmin proíba sob repressão, que petistas se reúnam, em plena democracia e isso ser encarado como normal? Como espionar a Presidenta da República e o ex-presidente Lula e também acharem isso normal, ferindo a Constituição? 

A única saída possível diante de um cenário tão conturbado será a organização popular e o enfrentamento ao desmonte das instituições e do processo democrático tão frágil da atualidade. Organizar e enfrentar para que as conquistas não sejam surrupiadas.

É bom que os golpistas saibam. Se acharem que o povo vai ficar de braços cruzados com impeachment de Dilma sem provas de crimes de responsabilidade e a prisão de Lula, também sem provas, tenham a certeza de que uma vez que isso ocorra, será como o rompimento de uma enorme barragem. Não haverá mais controle da situação.

Quem viver verá.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Não tem avaliação de conjuntura que dê conta do cenário político nacional

Tenho comentado em outros posts o descaramento da oposição ao governo federal, em não admitir ter pedido as eleições para Presidente. Claro que isso é uma estratégia descarada, tanto da oposição, como da elite devassa e da imprensa golpista, que visam, através de “golpe legal”, derrubar o governo eleito de forma democrática e em especial o Partido dos Trabalhadores, com alegações que anteriormente passavam despercebidas, como por exemplo, a captação de recursos eleitorais via “caixa dois”, ou ainda as tais “pedaladas fiscais”, que são apropriações de recursos públicos, no caso do governo federal, para continuidade de alguns importantes programas sociais.

Ao ampliar essa conversa, chega-se à conclusão que não faz o menor sentido o valor gasto numa campanha eleitoral, seja em nível municipal, estadual ou federal, para todos os cargos eletivos. Tornam-se campanhas milionárias, onde os eleitos se tornam presas fáceis de seus investidores e uma pessoa sem recurso e sem apoio financeiro, jamais se elegerá.
Só para se ter uma ideia, oficialmente declarado (fora o que entrou por fora), cada deputado federal eleito investiu em média R$ 1.429.000,00, sendo que os seis deputados que mais investiram, suas campanhas custaram entre 6 a 8 milhões de reais cada uma (Arlindo Chinaglia/PT, Iracema Portela/PP, Marco Antonio Cabral/PMDB, Eduardo Cunha/PMDB e Carlos Zaratini/PT). O investimento no senado também foi alto. Cada um dos 27 senadores eleitos investiu em média R$ 1.859.000 cada. As campanas mais caras foram a de Anastasia (PSDB) que custou 18,33 milhões, a do Serra (PSDB) 12,67 milhões e a do Caiado (DEM) que custou 9,62 milhões.

A pergunta que cada brasileiro e cada brasileira faz é de onde veio esse dinheiro, visto que é um valor muito alto para uma pessoa dispor em caixa próprio, a não ser de forma ilícita. Aí entra parte dos recursos dos Fundos Partidários e as empresas, que investiram pesado nas campanhas eleitorais, visando negócios futuros.

Vale lembrar que a maioria dessas empresas não tiraram esses recursos de seus lucros e sim do “caixa dois”, advindos da sonegação fiscal, que é um dos ralos gigantes de recursos públicos e alimentando cada vez mais a indústria da corrupção.

Imaginemos em 2015 as infinitas conjunturas vividas. Desde a votação dos deputados recusando o Plano Nacional de Participação Social, sugerido pela Presidenta Dilma, passando pelas inúmeras tentativas de golpe e as midiáticas manifestações, com patrocínio da TV Globo, contra o governo federal e contra o PT e chegando à caça ao ex-presidente Lula. Teve dias de termos vários cenários de conjuntura política, econômica e social.

Se um leigo em política fizesse uma análise da conjuntura nacional na semana passada, chegaria à conclusão de que tudo estava consumado. Dilma ia ser caçada, Lula ia ser preso e o PT na visão do PIG estava liquidado, não só com a debandada de inúmeros oportunistas e a difamação diária sofrida. Além disso, a direita surfava em altas ondas, pois a chamada Operação Lava a Jato, comandada por um juiz tucano, prendia apenas petistas, enquanto o pupilo Cunha continuava livre leve e solto.

O PSDB e o DEM comandavam a festa. Pousavam bons e éticos samaritanos, enquanto imputavam ao PT ser o inventor e Lula  o pai da corrução.

Eis que alguns fatos tenderam a mudar completamente o cenário. Primeiro foi o STF que rejeitou a comissão ilegal de Cunha. Depois veio a ocupação das escolas estaduais de São Paulo, se estendendo para outros estados, pelos meninos e meninas em luta pela educação. Além disso, a caminhada da esquerda em dezembro contra o golpe reforçou a ideia de que, mesmo descontente com a postura da Presidenta que criou um grupo de governo neoliberal na área econômica, a esquerda foi unida às ruas do país em defesa de seu governo e principalmente da democracia.

Porém, ninguém podia imaginar o que estaria para acontecer. Primeiro o roubo da merenda em São Paulo, comprometendo a cúpula tucana e seus aliados e segundo a ex-amante de FHC, que desnudou o até então o intocável presidente, que mesmo tendo comparado sua reeleição por 200 mil cada voto, privatizado todos patrimônio público federal e quebrado o país três vezes, pousava como o ídolo maior dos chamados “coxinhas” e uma galera alienada que pedia a volta da ditadura e o impeachment da Presidenta Dilma.

A coisa é muito séria, pois envolve a traição, o pagamento da mesada mensal com empresa de fachada, o pagamento de dois abortos, a falsificação do DNA do próprio filho e tantas outras acusações. Além disso, a irmã de sua ex-amante é funcionária fantasma de Serra e ele se defende que ela não aparece por estar em missão secreta. Só não falou qual é a missão.

Uma coisa é certa. O PIG fustigou tanto a vida de Dilma e de Lula, que as pessoas já estão se dando conta de que o grande objetivo é afastar Lula de 2018 e intervir diretamente nas conquistas do povo brasileiro de 2003 a 2015.

Principalmente esse ano eleitoral e de tantos interesses em jogo, com certeza teremos centenas de casos que mudarão, quase que diariamente a conjuntura nacional. O importante é quem luta por uma causa estar sempre vigilante.

Cabe a esquerda brasileira e os militantes de uma causa, se organizarem e se unirem em torno do projeto de inclusão em curso e pela manutenção plena da democracia brasileira tão jovem e tão perseguida.

Os próximos dias e meses prometem. Quem viver verá!

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br