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sábado, 27 de janeiro de 2018

24 DE JANEIRO DE 2018: UM DIA TÍPICO NO BRASIL

“Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”. Não. Esta frase não foi dita em 2014 para alinhar a inalienável PresidentA Dilma. Esta frase foi proferida pelo jornalista Carlos Lacerda no ano de 1950 para tentar alinhar o postutalnte a presidente da república, depois de 15 anos governando o país - com golpe e tudo- (1930 - 1945), Getúlio Vargas e tirá-lo do pareô de concorrer às eleições. Getúlio foi candidato e ganhou. Governou até quando pôde. Saiu no caixão. Mas, não cedeu. Ou melhor, cedeu a vida no lugar da entrega. Neste país a história de repete. Como farsa ou como tragédia, viu, Marx. Se repete. E, dia 24 de janeiro de 2018 será mais um dia de repetição da história. Devemos lembrarmo-nos de que já a fizemos de formas distintas em diversos momentos. A nossa história já foi de revoltas; de levantes; de Canudos, de Balaiadas, Alfaiates, Malês... Foi e é de quilombo. O fato deste texto ser escrito por mim já apresenta o que é resistência de um povo. 
No entanto, não adentrando no vergonhoso juridicamente; no torpe socialmente e seletivo escravagista penalmente; processo que condena o presidente Lula, no dia 24 de janeiro de 2018 não está em jogo somente um julgamento. Estaremos tratando da escrita de mais um capitulo da história do Brasil. História construída sobre os escombros de corpos indígenas e negros. Feita sob a negação da participação e contribuição das mulheres, para além dos choros da dores. História feita de nordestinos que somente “serviam a quem vence o vencedor”, - os vencedores moravam no Sul Maravilha, viu, Camões! Somente isso. Terras brasilis em que as Ilhas de riquezas formam o arquipélago desajuntado em geografia e organizadíssimo em sentimentos de perseguição e de matanças. Dia 24 estará na história. Não como um ponto fora da curva, mas como a lógica. A lógica? Poderia até ser. Mas, D. Lindu mãe do Lula, educou seu filho para ajudar a mudar a lógica.  
A lógica, esta senhora da razão, do raciocínio. Esta moça da ciência foi desafiada mais uma vez. Em outros momentos também o foi e, com tamanha grandeza para o seu tempo. Agora, em nossos tempos, também representa a mesma grandeza. Lula desrracionalizou a lógica e lhe pôs poesia. Introduziu a metáforas futebolísticas para falar que cabia um keinesianismo na economia. Apresentou para o reinado súditos cansados. Não de trabalho, mas cansados de ser súditos. E, os reis ficaram sabendo que haviam no Brasil uma legião de pessoas com capacidade extraordinária para fazer o neodesenvolvimentismo seguir. Isso foi cutucar a onça varas curtas, Singer? Bem provável, né!?
O fato não é este. Somente quero expor que não se trata de amor, este texto. Na ciência tem de caber poesia para que a gente entre. E, que a gente puxe mais gente, mais gente nossa, como me orienta o maior movimento, a meu ver, de resistência no Brasil hoje, que são os movimentos diversos e em varias frentes que as mulheres negras fazem. E nos ensinam. 
Lula não desafiou ninguém. Lula negocia até as pessoas perceberem que entre o Estado e a Nação há pessoas... e, o entendimento de Estado-Nação somente se faz com a devida porosidade. A questão está em que a elite brasileira foi constituída pela negação, não pela afirmação. Assim sendo, não era para entrar ninguém. Mas, entrou. Entrou e fica. Já está na história. Se a história da gente fosse com as perdas individuais a gente já havia sucumbido. A nossa é coletiva.  
Enquanto gestor e político, antes de Lula somente Getúlio, mesmo sendo filho da elite agraria do Sul ousou a fazer a novidade. E fez. Pagou com a vida. Para conseguir apontar a arma contra a própria cabeça precisa de ter os 10 dedos da mão em riste contra. Lula não tem. Somente tem 9. Um dos dedos se foi ajudando este Brasil a sem maior e caber mais gente. Este que sustentaria jamais nasceu porque não seria ou será usado. A coragem de Getúlio neste momento é revivida e reorientada por Lula. Guerras de posição e guerras de movimento é de acordo com o tempo, né, Gramsci... (este teve os olhos ofuscados pela luz da liberdade italiana a o as retinas não suportaram dois dias foras do Cárcere que valeu ao mundo os Cadernos). Lula é filho de muitos ensinamentos. Filho e uma força inaugural. De uma coragem descomunal. De uma audácia sem igual... de uma perseguição infernal. Não vencerão. 
24 de janeiro está na história do Brasil como uma das grandes datas. Das datas que a gente sente tristeza em que ocorra, mas alegria em viver ao lado de quem tem coragem. Como diz um amigo meu: “pode chorar pode mijar” vocês podem até escolher as datas, mas a gente escolhe a história. Presidente é povo e o povo tem um presidente. Tem o presidente: Luís Inácio Lula da Silva. Eleição sem Lula é fraude. Sigamos! 
Jocivaldo dos Anjos, 20/01/18

BRASIL, BEM-VINDO AOS TEMPOS MACHADIANOS: POR UM NEO-ILUMINISMO À BRASILEIRA.

Jocivaldo dos Anjos¹
Welcome!
Acordamos neste dia em que a Pauliceia desvairada celebra mais uma primavera na Selva de Pedra, onde a “garoa rasga a carne naquela torre de Babel”. Gosto daquela Babel e vez em quando vou naquele esgarçamento de línguas e linguagens somente interpretadas pelo realismo. Quem chora ali mandam pra casa ou pro saco. Ali é terra de pouco sentimentos. Terra de bandeiras e de bandeirantes. De bandeirantes que adentraram as almas, mataram corpos e receberam homenagens. Reinado do realismo machadiano. O real no real. Sendo de lá pode ser o dólar, euro... no real. Assim é ela. A cidade que não dorme e odeia romanticismo. Os românticos costumam dizer que “não existe amor em SP”. SP não está nem aí para o amor. SP é razão. Quem quiser paixões que vá para outras bandas do Brasil em que foi ensinada que “somente o amor constrói”. Não foi amor o que construí nesta cidade o 1% mais rico do planeta. Não foi. Não foi por amor que foi construído por lá o centro nervoso do capitalismo brasileiro. Não foi por amor que o massacre do Carandiru contribuiu para a inauguração de novas formas de relacionamentos entre encarcerados e encarcerados e sociedade. Não é por amor que meu irmão levanta as 04:00 da manhã para trabalhar. Em São Paulo somente o amor não constrói. Nem em canto nenhum. O amor é uma bazofia criada para inglês (brasileiro ver). O axioma é sua falta. A retorica é sua presença. Mas, de conversa bonita o céu está cheio. O inferno é a realidade. E também: o inferno não são os outros. E, o quinto dos infernos ficou maior ainda. Não é por amor que meus filhos podem estudar em escola privada. É pela mensalidade que o meu corpo escravizado pelas possibilidades melhores que os corpos escravizados de minha mãe e de meu pai me permitiram. Também não é por amor que vou visita-los vez em quando. É pelas minhas condições de pagar as passagens de deslocamentos entre a Soteropólis e a Gata Borralheira. O papo hoje é reto. Na real.
Não sou pessimista. Apenas realista, de vez em quando. Afinal tem dias que Machado deve ser de Assis. De Assis para mostrar que a preposição DE indica que tem um dono. Não é Machado de todo mundo. É somente de Assis. Tem dono. No capitalismo se tem quem tem. No capitalismo todo mundo tem um dono. Mesmo que implícito. No capitalismo quem não tem dono é como aquele preto que não sofre racismo. A isso a gente aprendeu a chamar, no realismo de burrice, cegueira, escravidão adestrada... que leva a canalhice. Se faz por não saber não importa. Errado é errado e acabou. Quem não sabe que trate de aprender e apreender. Crime é crime e eu sou eu”. Quem pode ter tem. Quem pode dominar domina. Quem teve a herança possui. Pronto! Então, vamos parar de sonhos para entendermos o que é de quem e o que isso representa. De ressaca não se folga na segunda-feira, necessariamente. De ressaca, no máximo, vai-se ao banheiro vomitar. Geralmente, numa como a deste dia 25 de janeiro de 2018 vomita-se a bílis de fígado. Aquele liquido gosmento verde que parece se rasgar parte do corpo a cada saída forçada do corpo. Amarga demais. Dê mais. E não afasta de mim este cálice.  
Se hoje é dia de ressaca é porque o de ontem foi de festa. Ontem, 24 de janeiro de 2018 foi mais um dia da festa da história do Brasil. Já houve outros momentos de festas, mas alguns se sobressai. Somente lembrarei de três para ilustração: 23 de abril de 1500 (para celebrar a apropriação das terras, corpos, almas e estupros de indígenas no Brasil; dia 14 de maio de 1988 para celebrar a continuidade da escravidão no povo afro-brasileiro e, premiando isso ainda com leis que permitisse prender os corpos cujos os machados de antanho não conseguiu arrancar a cabeça e levar em praça pública. Por se falar em praça pública (que é somente do povo rico.Dos plutocratas brasileiros) e cabeças decepadas, lembremo-nos dia 22 de abril , que se sucedeu a arribada à Praça de Ouro Preto a cabeça de mais um: Tiradentes foi o da vez. Desta forma, este dia 25 de janeiro de 2018 não é um ponto fora da curva. É mais um dia de nossa história ressaqueada. Aliás, devemos afirmar também que como somos formados por um positivismo cartesiano exacerbado, quem sente a ressaca não é quem estava no banquete. É assim de quem estava trabalhando no banquete servindo aos donos da festa e, já de corpo esguio e cansados, tomou um gole da pinga pior que tinha pela manhã para voltar pra casa. Esta desceu queimando tudo e... continuou bebendo pelo caminho até se chegar em casa. - Quem não ouviu aquela frase: eu bebo e você embebeda? Nesta pegada!
Ontem houve festa no país. Houve até o CarnaLula. Esta festa foi nomeada desta forma para celebrar a condenação do ex-presidente Lula por crime de corrupção. A corrupção, como em outras datas, precisa de ser banida. Não toda a corrupção. A seletiva corrupção. A corrupção que pode permitir o reposicionamento de classes. O que pode, em alguma medida, permitir outras inclusões na agenda de desenvolvimento nacional. Pensemos e entendamos. Nos EUA o fim do apartheid foi fruto de que? No Brasil a criação dos programas de inclusão é fruto de que? A contratação daquela banda para aquela festa é fruto de que? – fruto da competência de quem conseguiu decifrar o enigma da esfinge. Né naummmmm? 
O convite agora não é invisível como em outros tempos. A implicitude abre passagem para que nesta avenida passe o carro forte, com as notas verdes e à frente haja negros fortes e bons em carros fortes melhores e armados até os dentes para a defesa do carro e dos seus donos e de outros negros, afirmando como quem manda quer que seja e quem é mandado deve agir. Tempos de razão. No tempo da razão se racionaliza. Não se trata de um novo iluminismo. Mas, de um iluminismo à Brasileira, que seja. Somente devo afirmar que é tempo da razão. Necessariamente um iluminismo feito por quem foi objeto de estudo dos velhos iluministas. Um neo-iluminismo. Na razão a razão dirige. 
Na ressaca se toma chá de boldo. Não adianta dizer que não vai beber nunca mais. (as drogas fazem parte das celebrações e do fugere humano). Não adianta enjoar e passar o dia dormindo. Na ressaca a gente organiza para beber a dose que se aguenta. Ou somente beber (até ficar de ressaca) quando puder celebrar. Se não puder celebrar bastante, melhor não beber. Na ressaca a gente já pode refletir, pois, apesar de estarmos de ressaca já estamos sóbrios. E, já podemos ler Machado de Assis na ressaca e desligar o sertanejo universitário. Na ressaca a é ex. e o ex. já tem outra mais nova e mais gostosa. Na ressaca a economia solidária não resolve os problemas da parte superior do capitalismo. Na ressaca a marginal deve servir somente para o acesso a via principal. Na ressaca não há conciliação de classe e nem uma nova classe média. Na ressaca, preto é preto, branco é branco, bicha é bicha, puta e puta, corno e corno e veado é veado. Bem-vindos a ressaca. E não tomem chá de boldo para não permitir embriagar novamente. Sem choros pelas palavras e coisa feitas nos momentos das bebedeiras. Mesmo que por osmose. 
Nunca vi ninguém ganhar nada chorando. Se ganha lutando dentro de uma dada realidade. Dentro das possibilidades de se construir a história em Marx. Dentro do sentimento de Potência em Nietzsche. Dentro das relações sociais em Machado. Guardem os livros de romantismo. Queimem os de autoajuda. Liguem a TV (seja na vênus platinada ou em qualquer outro partido do poder) A vida real é dura. Muito dura. Duríssima. Bem-vindos. E, sem chororô. Sigamos!  

1. Jocivaldo dos Anjos é aluno especial do Doutorado em Administração Pública pela Universidade federal da Bahia – UFBA. jocinegao@hotmail.com
Belo Horizonte – MG – Brasil, 25 de janeiro de 2018, 

RAÍZES HISTÓRICAS: FANTASMAS SANGRAM NOSSA DEMOCRACIA

É preciso debruçar-se sobre o período republicano para compreender as raízes golpistas das forças que sempre atuaram contra a Democracia. A História pontua e demonstra que a ruptura democrática ocorrida em 2016 não foi um fato isolado dentro da nossa História, mas uma reincidência histórica, tramada inclusive pelos mesmos atores de outrora, pelo uso dos mesmos instrumentos ideológicos e pelos mesmos grupos.
Tragicamente a História do Brasil trás em sua narrativa sucessivos golpes, e essa prática foi herdada pelo regime Republicano, inclusive a República nasceu de um golpe contra a Monarquia, não que a Monarquia fosse positiva. Não era, de forma alguma, mas a República não foi instaurada, ela foi outorgada pelas mesmas classes que hoje sangram a Democracia. Por isso, é elementar uma análise histórica do período Republicano na História do Brasil, uma vez que o momento em que vivemos tem raízes e ocorrências dentro da República.
A observação sobre fatos e fatores políticos que antecederam o Golpe Parlamentar de 2016 torna a compreensão dos acontecimentos mais clara para a compreensão dos acontecimentos contemporâneos, pois todos os eventos históricos estão interligados no tempo e no espaço. É preciso compreender as amarras de cada ocorrência e seu respingo na sociedade em que estamos inseridos.
Concretizado o Golpe Parlamentar de 2016 que depôs a Presidenta eleita, Dilma Rousseff, a elite orgânica, a mídia e o judiciário são sem sombra de dúvida os maiores beneficiados, pois além de participarem diretamente da administração pública estão usufruindo de cargos, de privilégios e dinheiro público, para através das reformas impopulares e à custa do direito do Povo Trabalhador manter-se no poder ao lado do governo mais impopular da história desse país, isto é, do Sr. Michel Fora Temer.
Os fatos ocorrentes no Brasil desde 2016 são mais sequências de páginas da nossa história que tem em seu enredo o ataque à Democracia, dias que nos envergonham tal qual1964, pois são páginas marcadas como mais um dos capítulos da História Republicana onde mais o Estado Democrático de Direito foi violado.
A condenação de Lula pelas duas primeiras instâncias num processo sem uma prova contundente e indiscutível torna Lula mais um Tiradentes, mais um Arraes, mais um Jango, mais um Gregório Bezerra, mais um brasileiro que tem sua liberdade cerceada pelos golpistas que transitam pela História do Brasil em diferentes épocas, mas com a mesma máscara, com o mesmo objetivo: Sangrar a Democracia.
Cibele dos Santos Silva
Pós-graduada em História
Belo Jardim-PE

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Em defesa da Democracia e de Lula

ImagemLideranças políticas de entidades sociais, sindicais, estudantis, professores, partidos de esquerda e militantes  independentes das causas sociais do Território do Sisal, vieram à público manifestar a indignação com a justiça seletiva que insiste em condenar o Ex-Presidente Lula sem as devidas provas efetivas que comprovem o seu suposto envolvimento no caso do denominado Triplex da OAS. 

Sendo assim, como forma de fortalecer a democracia, prestamos nossa solidariedade ao Ex-Presidente Lula, aquele que mais implementou políticas sociais que mudaram substancialmente a vida do povo pobre trabalhador do Brasil, Nordeste, Bahia, Sisal, Serrinha, bem como defender o Estado de Direito em nosso país. 
Para que a democracia seja assegurada plenamente, é que estivemos nesta quarta (24/01), realizando uma grande caminhada pelas ruas de Serrinha, manifestando nosso direito democrático de cidadão(ã), de maneira pacífica, mas altiva no tocante a denunciar todas as mazelas e retirada de direitos do nosso povo.
Ademais, conclamamos toda sociedade de Serrinha e Território do Sisal para que juntos possamos gritar em uma só voz, pela democracia e pela justiça social. Vamos seguir em frente defendendo o povo brasileiro.
#EleiçãoSemLulaEFraude
Serrinha-Ba, 24 de janeiro de 2018.
Jivaldo Oliveira*

Pedagogo, Especialista em Gestão Pública (UNEB).

*COM LULA ATÉ O FIM*

Foto: Rede Brasil Atual
Lula em ato na Praça da República/SP

A decisão de hoje do Tribunal Federal de Recursos da 4ª Região foi de envergonhar a comunidade jurídica, especialmente o Poder Judiciário do país, mas isso será tema para outro texto.

A questão que importa é: e agora, o que será de Lula? Agora, Lula é e será o nosso candidato a Presidente da República!

Mas e se ele for preso?

Ainda assim. Teremos um candidato a Presidente da República do Brasil atrás das grades, denunciando ao mundo que o país foi vítima de um golpe de Estado e continua sob o jugo dos golpistas, corruptos e sanguessugas do erário, arvorados no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

Mas ele poderá ser candidato?

Sim. A lei eleitoral lhe garante. O partido apresenta o pedido de registro da candidatura e deixa que impugnem. Qualquer que seja o resultado, ele poderá levar adiante sua candidatura até o fim. O processo prosseguirá no STF e não terá data para terminar.

Mas e se ele vier a ser eleito e posteriormente vier a perder o recurso no Supremo?

Os recursos tramitarão lentamente, mas se houver o trânsito em julgado da decisão e ele estiver lá por perto da metade do período de mandato, haverá *novas eleições* e poderemos emplacar um Fernando Haddad, por exemplo, para suceder Lula. 

O Plano B do PT só pode ser esse, para depois das eleições de 2018, para a remota hipótese de novas eleições.

Essa possibilidade está garantida pelo §3° do art. 224 do Código Eleitoral:

"§ 3o A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, *a realização de novas eleições*, independentemente do número de votos anulados"

Se essa possível cassação vier a ocorrer durante os dois últimos anos do mandato, a eleição será indireta, de acordo com o art. 81, §1°, da Constituição. Ainda assim, o governo Lula, conforme o grau de popularidade, poderá emplacar um ministro, por exemplo - o próprio Haddad -, na improvável eleição indireta, a cargo do Congresso Nacional.

Portanto, não temos razão alguma para esmorecer. *Vamos com Lula sim, de cabeça erguida, até o fim*.

*Luís Antônio Albiero*
Advogado em Americana e Capivari
Assessor jurídico legislativo, com atuação no Direito Eleitoral

JOVEM, MULHER E DA PERIFERIA

O que falar desse personagem que, a cada dia vem crescendo e ocupando espaços com suas particularidades, que vem mostrando suas lutas e causando reflexões constantes nessa sociedade hipócrita e machista?
Pois bem, vamos por parte.  A juventude é vista como um dos melhores períodos da vida. É nela, que muitos querem chegar e não desejam sair. É um momento de descobertas, de oportunidades, de novidades, de frio na barriga, de expectativas e de erros justificáveis.
É o momento que mais se escuta a frase “aproveite a vida”. Por carregar tantas coisas, essa fase se torna confusa e insegura e necessitará de alguns ingredientes para um bom desenvolvimento, dentre elas estão: uma estrutura familiar, um meio social construtivo, bem como a garantia de direitos básicos para sobrevivência. Quando nos deparamos, com um meio social que não dispõe desses itens, todo esse cenário de juventude se transforma, pois essa ausência os coloca em situação de vulnerabilidade.
E, se tratando da Mulher tudo fica pior. É sabido que, a história das mulheres trás resquícios de misoginia e sofrimentos, muitos justificados por uma sociedade em ordem para manter os traços elitistas e religiosos, ou em nome de um ventre sadio. Essas premissas para tal violência se dá, pela proteção da posição masculina, que em diversas culturas busca através da retórica machista perpetuar abusos contra a figura feminina, não importando os espaços por ela ocupados.
A mulher, sobretudo jovem, representa ameaça e quando exposta, torna-se alvo de termos pejorativos, como por exemplo, rotulada “a caçadora de homens”, e por essa razão passa a ser combatida de diversas maneiras: exclusão social,  discriminação sexual, hostilidade, o patriarcado, ideias de privilégio masculino, a depreciação, violência física e objetivação sexual. Não só por seus algozes, mas em sua grande parte, pelas próprias mulheres, pois muitas destas absorveram através da história e do conservadorismo as mesmas práticas e discursos.
Esse sujeito aqui apresentado trava enfrentamentos em seu período de juventude, batalha diariamente para se firmar como mulher, e, sobretudo, essa luta se torna constante, se nela estiver o desejo de ocupar espaços padronizados para elite. É nesse último que os assédios sexuais se intensificam, por ser vista como presa fácil, caracterizada com termos depreciativos reproduzidos a sua localização de moradia, ou seja, a “periferia”.
A LUTA DA MULHER JOVEM E DA PERIFERIA É UMA GUERRA CONTRA TUDO E CONTRA TODOS, POIS A MISOGINIA PERSISTE!!!
Edryelle Maria
Militante Social em Belo Jardim - PE
 23 de janeiro de 2018

domingo, 7 de janeiro de 2018

Um canto para quem se encanta

Sinto grandes emoções para esse ano. Primeiro pelos diversos momentos de enfrentamento ao golpe em curso que virão e segundo por ser um ano eleitoral. 

Infelizmente as eleições são decididas pelo emocional e não pela razão. Assim, em qualquer canto do país haverá alguém para encantar uma parte da população, independente que seja do bem ou do mal. A população inconsciente estará sempre encantada pelo canto da sereia.

Quem sabe um dia a população vote por convicção, a partir da leitura de um projeto político desenvolvido a várias mãos e por afinidade ideológica. Porém isso ainda é pura utopia. A maioria da população canta a canção de seus opressores e se encanta tentando os imitar. Algo que só se explica para quem sabe o que é alienação.

Mudando de assunto, iniciei minhas escritas esse ano por outras veredas, no sentido, não de fugir da causa que sempre defendi, mas tentando buscar inspiração do outro lado da rua. Algo que pudesse informar, mas também que atraísse o leitor e a leitora para os cantos que o texto relata, ou ainda que os encantassem levando-os para dentro das histórias. Uma ousadia poética com o objetivo de prender a atenção de quem passar por aqui.

Para esse post resolvi dar um título vago, onde ao mesmo tempo em que canto pode ser um som, também pode ser um lugar qualquer ou específico e o encantar que pode ser algo deslumbrante, também possa ser algo mágico com o intuito de desaparecer.

Nasci numa casinha num pé de serra pelas mãos de uma parteira. Coisa bem comum naqueles tempos e naquelas bandas onde nasci. Cresci sentindo o cheiro do mato, brincando no rio e nas horas vagas subindo num pé de pitomba (da família da lichia) como passatempo. Quer coisa melhor?

Descobri com o tempo que devo ser filho do sol, pois apesar de curtir uma chuva fina que caia sobre as árvores, quando criança, o que me alegrava mesmo eram os raios de sol. Raios de luz brilhando nas águas do rio. Réstias que faziam eu e meus primos brincar com as sombras e assim passava o tempo.

O encontro com o contraditório em termos de vida, no papel de migrante nordestino chegado a São Paulo ainda criança e pobre e a reação à violenta discriminação social que sofri me levaram à militância política. Um encontro com a poesia em termos de vida, pois ali todos e todas eram iguais e sonhavam sonhos coletivos. Nem precisava contar o meu.

Durante muito tempo sonhamos e atuamos por um novo mundo, por justiça social e por igualdade de direitos e cantamos as músicas de protesto da época em vários cantos da cidade. Nessa época, de todos os cantos da América Latina sofrida saiam cantos que nos fazia viver. Verdadeiros saraus recheados de conjuntura.

Aqui no texto, se canto for cantar, me leva a uma canção interpretada por Mercedes Sosa e Beth Carvalho, que começa assim: “Eu só peço a Deus; Que a dor não me seja indiferente; Que a morte não me encontre um dia; Solitário sem ter feito o que eu queria”. Um desafio à própria existência. Um recado para quem tem uma causa para lutar. Mercedes e Beth sempre lutaram por uma causa.

Porém se canto aqui for um lugar, fico imaginando um cantinho além do horizonte. Uma casinha com fogão de lenha onde se possa ver o por do sol e quem sabe um violão afinado para ai canto ser som e lugar ao mesmo tempo.

A vida não devia ser assim? Cheia de histórias para contar. Em sua essência o ser humano é assim. A maioria das pessoas tem uma história de vida que adoraria contá-la para alguém que a valorizasse, mas em muitas vezes não se encontra ninguém disposto a ouvir. Aí nesse caso o encantar passa a mera vontade de desaparecer.

Uma das coisas que certamente altera o tom da vida e o comportamento dos seres humanos é o poder, ou o que se chama de poder. Quem não conhece uma pessoa dócil e gentil, que ao simples contato com o que imagina ser poder virou um monstro ou ainda um ser intocável? Por outro lado, as várias formas de poder, para a população desprovida de conhecimento, acabam se tornando uma bela ilusão. Um canto onde o verdadeiro lobo permanece encantado.

No filme a Guerra do Fogo, quando uma tribo descobriu a magia do fogo, que naquele momento simboliza o poder para quem o tivesse, logo formou um exército em volta para guardar de outros seres a grande descoberta. Assim nasceu a ideia de polícia para guardar o simbolismo de um grupo em detrimento ao restante da população e repressão aos intrusos do poder.

Voltando ao canto como som, como esquecer da música do Vandré: “Há soldados armados; Amados ou não; Quase todos perdidos; De armas na mão; Nos quartéis lhes ensinam; Uma antiga lição; De morrer pela pátria; E viver sem razão”. A “Síndrome do Rambo” invadindo as mentes com o poder das armas.

E se encantar aqui no texto for compreendido como uma reação humana que provoque uma sensação de interesse intenso, porque não tentar sentir o que um beija-flor sente quando experimenta o néctar de uma flor, ou ainda quando se depara com um jardim? Agora se encantar for o ébrio provocado por falsas sensações, que dê vontade simplesmente de desaparecer, porque não enfrentar como se fosse a última batalha?

Prefiro a utopia de mudar a sociedade cantando nas passeatas da vida, do que ser um ser imutável e inútil daqueles que esmorecem quando descobrem que nem história deixarão. Minha história não se encanta por qualquer canto. Faço história cantando com as pessoas, só pelo prazer de ouvir a voz em coro.

Prefiro ainda encantar as pessoas subvertendo a ordem imposta de cima para baixo, afirmando que elas podem mudar suas próprias histórias, do que aceitar um canto qualquer como resultado do meu projeto de vida.

Que cantemos juntos e juntas o hino da vitória, seja em que canto for.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Um brinde à Esperança

Depois de um adeus a 2017, um ano que não deixou saudades, resolvi começar o ano novo falando de algo mais abstrato e brando, visto que minha inquietude dos últimos tempos me deixou um tanto amargo.

Algo que levasse alguém a caminhar diante de suas realidades com esperança, partindo do pressuposto de que os leitores e as leitoras do blog são pessoas sonhadoras, mas de um sonho que não se sonha só e sim com quem tem paixão pela vida, que desafiando a lógica do momento enfrentam um sistema perverso e sonham em construir uma nova sociedade. Uma sociedade justa, inclusiva e igualitária para todos e todas.

Caso fosse um poeta e tivesse habilidade para escrever um verso de amor, queria que ele tivesse tamanha profundidade que fizesse quem está apaixonado se sentir dentro dele. Ou ainda que quem estivesse sofrendo das causas do amor ou de desamor o usasse para curar um pouco de suas angústias. Algo que fosse ao mesmo tempo luz e alma. Vida e esperança.

Porém, como não poetizo, mas adoro brincar de escrever, vou me arriscar a falar sobre esperança e buscar definições sobre a vida, a partir de alguns autores, desse bem maior que nos é concedido por tempo determinado, que infelizmente para um setor da sociedade vale tão pouco.

Imagino a esperança como um pacto com o futuro, a partir de nossos encontros e desencontros, visando algo melhor ou a busca de soluções para os problemas cotidianos. Esperança a meu ver é vida que se renova. É refúgio para quem se perde de si mesmo e para muitos e muitas acaba se tornando a única alternativa para quem não tem mais ao que recorrer. Uma espécie de busca das últimas forças para sair do casulo que nos metemos de vez enquanto.

Uma coisa é certa, ninguém recorre à esperança do nada e para o nada e sim para se chegar ao ponto que se almeja, muitas vezes forçado pelos vieses da vida.

O teólogo Ricardo Gondin, ao ler para Rubem Alves o texto “Da Esperança”, disse num dos trechos: “Dizem ser verde a cor da esperança. Eis, então, o tom que anima o vencido a continuar resoluto. Só ela ressuscita audácia em corações arruinados. Esperança, ao devolver alegria ao desiludido, lambuzado de cinza, nunca se contenta com uma só tonalidade. Ela é dona de todas as cores, na esperança mora um arco íris”. Lindo, não é mesmo?

Esperança é o que nas entrelinhas da vida, ou ainda no trato com as desigualdades humanas, pode servir de alento para os mais pobres e sofridos ou ainda para as usuras de quem sempre quer mais para acumular. Porém, esperança sempre será vida, talvez por isso o ditado de que é a última que morre.

Noutro trecho Gondin diz: “Esperança se move de frente para trás. Réstias de sua luz veem do futuro, do porvir mais longínquo, para iluminar o presente. Esperança é a  força derradeira que anima o velho e o brilho que anima os olhos da mãe quando embala o filho”.

Enfim, esperança, repleta de interpretações, é saber que ainda pode restar alguma água no fundo do poço e é pra lá que nos movemos em tempo de seca.

E a vida que se move a partir da esperança? Parece-me ressurgir com mais vigor e duração, mesmo que o que se esperançava não aconteça, porém só o fato da viagem ao tempo esperançando, faz com que o futuro fique mais próximo. A vida presente e futura, ambas ligadas através do ato de esperançar.

Por outro lado, a vida, que deveria ter uma visão única, principalmente pelo seu valor, se move em definições de acordo com o estado emocional de quem a define. Vou recorrer a alguns autores para expressar essa afirmação.

Calderon de La Barca em seu “Monólogo de Segismundo”, escrito em 1636 no drama “A vida é sonho”, fala que a vida é um frenesi, uma ilusão, uma sombra, uma ficção, ao se referir que o maior bem que possuímos é pequeno.

Fernando Pessoa, por sua vez, valoriza cada momento da vida ao afirmar: “Às vezes ouço passar o vento e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”. Algo tão poético que acaba expressando a gratidão do bem de viver. Um sincero e verdadeiro agradecimento por ter nascido.

Albert Einstein fala de uma dualidade existente no ato de viver, que expressa exatamente o estado emocional de quem vive a vida: “Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre”. Ou seja, uns vivem outros transitam pela vida.

Porém, foi Clarice Lispector, que a meu ver fez a melhor homenagem à vida: “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Um mergulho sem medo de ser feliz em sua existência.

A esperança não se move sozinha, depende principalmente de fé e de sonhos. Não é ilusão e sim uma aposta no futuro. Porém, não existe uma lógica matemática para que o resultado de uma esperança ocorra e sim um sonhar que afaga a mente e refrigera a alma, afirmando em todos os momentos ser possível o que se almeja, desde que se acredite e a sorte dê sua contribuição. Esperança é antes de tudo compromisso com a vida, pois é dela que se nutre o ato de viver.

Que em 2018 possamos esperançar e obter infinitos momentos felizes vivendo a vida.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Reconstruir a dignidade em 2018 com os cacos de 2017...

Fiquei pensando o que escrever como o último post de 2017. Algo que expressasse minhas preocupações em relação ao desmonte nacional, provocado pelos golpistas de plantão, mostrasse que só a organização popular e o enfrentamento organizado ao golpe serão capazes de salvar o pouco que restou das conquistas históricas do século passado, mas também, como humanista, trabalhasse uma dose de otimismo, que ninguém é de ferro.

Foi um ano para se aprender e para sofrer. Assistimos incrédulos e inertes  instituições brasileiras serem dizimadas uma a uma, impulsionadas pelo mercantilismo espúrio que tomou conta da política nacional. Escândalos de toda ordem vieram à tona, provando que o sistema político nacional está bichado, dominado e à venda. Quem tem mais leva. Pouco restou dos três poderes e quase nada da tal democracia representativa.

Politiqueiros e políticos profissionais de plantão agiram como piratas do mar de lama que transformaram o país e como larápios de casebres roubando dos pobres seus últimos pães. Criaram novas formas de rapinagem e se deliciaram com as farras e as montanhas de dinheiro público, que só não há para garantir a Previdência dos assalariados, nem para um aumento digno do salário mínimo, por exemplo, mas sobra quando a pegada é à compra de deputados e senadores que votem a favor do desmonte nacional, ou ainda para lotar os cofres dos bancos internacionais em contas pessoais privadas.

Quem vai pagar essa conta? Lula que é o candidato que se não condenarem ganha as eleições e o povo trabalhador é claro! Tá tudo dominado!

Na ordem do dia está reconstrução da casa-grande com grandes muralhas e construir a maior senzala que esse país já viu. Uma senzala que não tem cor. Tem apenas ódio de classe. Uma espécie de primeiro passo para um e extermínio em massa, visto que já está em curso, com a matança de jovens negros e pessoas da periferia. Uma verdadeira limpeza racial e econômica.

Em resumo, o ano de 2017 foi um ano de trevas. Roubaram a luz. O golpe em curso levou com ele a esperança de milhares de pessoas, como também centenas de conquistas alcançadas nos últimos cem anos. Só isso já bastava, para fechar o sinistro ciclo, porém em 2018 o governo golpista quer destroçar a Previdência. Desfigurar um direito fundamental de quem trabalha tudo em nome de um desenvolvimento, que nada tem de humano, ditado pelo Banco Mundial, pelo FMI e pelo capital internacional. Um pacto entre o deus mercado e o demônio imperialista. Algo que nem com muita água benta se exorciza. A não ser com organização e muita luta.

Desde a primeira greve organizada em 1907, que paralisou a cidade de São Paulo, passando pela primeira greve geral ocorrida em 1917, até os dias de hoje, nada foi doado para trabalhadores e trabalhadoras e sim conquistado com muito luta, mortes e também traições. O medo que ronda o país é que o que se reivindicava em 1907, tais como: jornada de oito horas diárias de trabalho, direito a férias, proibição do trabalho infantil, proibição do trabalho noturno para as mulheres, aposentadoria e assistência médica hospitalar, esteja tão atual após a fatídica reforma trabalhista, que seja a única pauta novamente a ser reivindicada numa próxima empreitada organizada, quando a classe trabalhadora acordar. Porém, pode ser e deve ser tarde demais...

A primeira vitória da rapinagem foi acabar com CLT, que era um sonho deles antigo. A CLT foi jogada no lixo com as 117 mudanças ocorridas, a tal ponto das empresas agora trocarem de funcionários, contratando-os, por favor, com o tal “Contrato Intermitente”. Um verdadeiro desrespeito à própria Constituição Federal. O resultado disso? Mais da metade da classe trabalhadora já se encontra na informalidade e o 1% mais rico do Brasil ficando com 27% da renda nacional e os 10% mais ricos, com 55%. É a volta da pirâmide econômica em grande estilo. É a morte do que eles chamavam de “Nova classe média” e a Professora Marilena Chauí chamava de "Nova classe trabalhadora”. Viveu-se uma doce ilusão.

Em regras gerais, ou trabalhadores e trabalhadoras se unem e lutam ou serão dizimados. Ou se organizam ou nem mesmo sindicatos terão mais.

Uma dose de otimismo...
Para escrever alguma coisa otimista tenho que recorrer a Paulo Freire, que tive a honra de conhecer e materializar uma de suas teorias na Prefeitura de Artur Nogueira, quando era Secretário de Planejamento, quando criamos o Grupo Gestor de Integração e Planejamento e usamos a Teoria do Carrossel.

Paulo era um sonhador por convicção e viajava em sua utopia de empoderar a sociedade, de dar voz a quem não tinha e afirmar que o conhecimento transformava as pessoas e as fazia voltar a sonhar.

Usando Paulo Freire foi nessa linha que conduzi 38 cursos pela Fundação Perseu Abramo nesse ano, em 12 estados, com o principal objetivo de ensinar e aprender. Dar e receber. Subverter as pessoas afirmando que elas podem transformar suas próprias realidades, na medida em que entenderem que sozinhas nada são, mas juntas poderão transformar a sociedade, rumo a uma sociedade justa, fraterna e igualitária para todos e todas.

Termino citando uma das falas de Paulo Freire, onde mostra sua inquietação para sair de sua utopia rumo a práticas a ela coerentes.

“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes. (Paulo Freire)”.

Um 2018 de muitas conquistas!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Um bonde chamado solidão


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Por definição, solidão pode ser a falta de companhia ocasionada por decisão pessoal ou por contingência de uma situação provocada, que ocasiona entre outras coisas isolamento, carência e um profundo vazio, mas também pode ser a falta de contato com a própria essência. Algo que transcende a angústia de estar sozinho e deságua num determinado momento na vida das pessoas.

Porém, a pretensão deste post é apenas chamar a atenção para novos tipos de solidão, como por exemplo, a solidão vivida em meio á multidão, ou ainda a solidão de não ter objetivo de vida e nem perspectiva de como será o futuro. Uma solidão que caminha com a própria vida.

Com um pouco de atenção se percebe que uma grande parte da população brasileira se encontra em solidão. Ou seja, apesar de rodeados e rodeadas de outros seres humanos, não interagem e não dialogam sobre suas existências, apenas transitam em pequenos papos ou flertes que se perde no tempo e nada fica de concreto.

Por ser um sentimento decorrente, a solidão pode ocorrer não só pelas questões sentimentais ligadas ao amor ou falta dele, mas também se revelar num ambiente de trabalho, por exemplo, ou em qualquer outro setor de convivência humana. Há algo mais cruel do que a discriminação explicita ou dissimulada, que provoca um estado de carência e que leva à solidão? Ou ainda, pessoas do seu ambiente de trabalho que ao cruzar contigo desvia o olhar para nem cumprimentar?

Partindo desse cenário vêm outras perguntas: Será preciso estar solitário para que se reflita sobre a vida? Será necessária uma dose de tristeza para que se atenha sobre a realidade interior? A introspecção provocada por uma solidão nos leva à reflexão, ou apenas expõe nossas fragilidades?

No Samba da Benção, Vinicius de Morais afirma que para se fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, senão, não se faz um samba não. Ou seja, nesse caso a tristeza leva os compositores a dialogarem ora com ela mesma, ora com a esperança e quase sempre com o desamor.  

A solidão é um tema complexo, pois envolve origens diversas e caminhos muitos diferentes de se lidar com a situação. Para uns solidão é uma doença, para outros uma necessidade rumo à reflexão e para muitas pessoas uma angustia constante que pode levar a um estado depressivo e à várias doenças físicas ou mentais.

Ao se fazer uma breve análise do modernismo atual, ou seja, da era do conhecimento, observa-se as redes sociais bombando, milhares de pessoas interagindo dia e noite sobre diversos assuntos, dos mais sérios aos mais banais, porém a maioria das pessoas permanece só. A interação na web por si só não dá conta de superar a solidão. A busca por tudo e nada ao mesmo tempo nas redes só faz aumentar o estado de solidão. Seres humanos precisam de um projeto de vida, que faça valer suas próprias vidas.

Vivemos na era de novas formas de solidão. Existem na sociedade uma pressa sem igual e uma busca incessante por não se sabe o quê e a resposta de tudo isso pode ser uma insatisfação individual ou coletiva que começa nas redes e pode terminar num ponto qualquer da cidade ou do campo e muitas vezes em diferentes formas de violência. Nesse caso podemos chegar à conclusão que a solidão pode se transformar numa doença social.

ONGs britânicas chegaram à conclusão através de pesquisa, que a solidão é uma “assassina invisível”, mata aos poucos, principalmente as pessoas idosas. Segundo essas organizações, um em cada dez idosos britânicos sofre de solidão intensa, que desencadeia vários problemas, como o Alzheimer.  

Partindo desse pressuposto, há evidências de que uma possível cura para a solidão pode estar no processo de interações que busquem o prazer, se referindo ao prazer aqui como algo que eleve a pessoa, que a mesma se sinta contemplada com o que estiver fazendo e principalmente que seja algo que fortaleça o ego e aponte para missões futuras. Ou seja, algo que mantenha as pessoas ocupadas em atividades que as façam felizes.

É até possível que algumas pessoas necessitem de uma dose de tristeza e solidão contida, para fazer fluir ideias de forma poética, como na samba do Vinicius. Porém, há sempre um grau de risco numa situação como  essa. O que fazer se virar uma crise?

Clarice Lispector expressou em vários momentos suas inquietações sobre a solidão. Certa vez ela afirmou: “Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”. Uma frase poética, mas que expressa que uma vez em solidão só resta enfrentá-la. Como não se pode intervir no passado para que situações desagradáveis não aconteçam, só nos resta mirar na vida que virá.

Fecho essa pequena incursão sobre a solidão com duas frases. Uma do Augusto Cury, que faz um alerta diferenciando a solidão provocada por fatores externos, da solidão que veio e ficou como um abandono do ser: “Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável”.

A outra de Vinicius de Morais, afirmando que mesmo um amor inacabado ou às vezes inexistente vale mais que a solidão: “Não há mal pior que a descrença, mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão”.

No mais, quem nunca viveu uma solidão, ou pelo menos momentos de solidão? Trato minha parcela de vida solitária tentando entender meu presente, frutos de desencontros passados e focando na minha missão enquanto vida. Lutar por uma causa humanista, sob qualquer situação, que possibilite as pessoas voltarem a sonhar e deixar para a história minha contribuição.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Um tratado com o futuro...


Do ponto de vista pessoal, cá da minha individualidade, falo de futuro com certo receio, pelo simples fato de não saber do quanto será comigo presente, porém do ponto de vista político, como ativista de uma causa humanista, falo de futuro com prazer, visto que poderei ser historia presente em ações futuras e isso me faz caminhar com mais pressa ainda. 


Em minhas andanças no campo da imaginação, fico a me perguntar o que leva uma pessoa a dedicar toda sua vida às causas humanas e tantas outras simplesmente a explorar a boa fé da humanidade. Algo complexo de explicar do ponto de vista racional para quem luta pela humanidade e mais fácil para quem dela tira proveito, visto que estão sempre em busca de resultados.

A partir dessa realidade vêm algumas perguntas: O que deu errado? Como se desenvolve a natureza humana? O que incide para esse comportamento ou escolha? Em que momento da vida pode se dar a escolha para um dos caminhos? Enfim, várias perguntas com várias possíveis respostas, dependendo exatamente das escolhas que se faz.

Ao analisar o cenário nacional nos dias de hoje, chega a ser assustador o fato de milhares de pessoas aceitarem a alienação como condição humana e, portanto serem conduzidas por vontades alheias, como se a alienação fosse uma escolha. Por mais indignado que eu possa estar jamais posso aceitar essa ideia e aí vem nossa enorme tarefa, que é levar o conhecimento e reflexão como pontos de partidas para uma possível mudança de comportamento para esses e essas que transitam no campo da alienação.

O fato é, se a alienação é também uma ferramenta do sistema e que mantém a massa junta para um enfrentamento manipulado, sejamos o que tempera essa massa, o que altera sua composição e passemos a disputar cada grão que a compõe. Sejamos nem que seja o que vai desandar o resultado esperado pelos agentes do sistema.

Por outro lado, se de fato a opção pela luta se dá de forma consciente, vale a pena ressaltar que tudo começa pelo sonho de mudar a sociedade e, portanto, se luta pelo incerto, por algo que nem possa acontecer, porém, para milhares de pessoas que se encontram em luta permanente contra as desigualdades e as injustiças em qualquer parte do planeta, não importa ao certo a qual resultado se chegará e quanto tempo isso vai levar, o mais importante é mostrar ao mundo nossa indignação pelo acúmulo de capital e riquezas em detrimento da miséria e às más condições de vidas de milhões de pessoas e mostrar também nossa indignação constante pela pirâmide econômica que dá sustentação a todas as formas de desigualdades.

É importante deixar claro que lutamos sim também por todos alienados e todas alienadas que se encantaram pelo canto da sereia, pelo simples fato de entendermos que a alienação se constrói no vácuo deixado pela falta de conscientização e aí está o grande papel do ativista, que é a luta diária na disputa das ideias.

Declaro-me totalmente contra a cooptação de quem quer que seja pela via da lavagem cerebral, ou ainda por resultados momentâneos, que na prática se constitui noutras formas de alienação.

Disputar ideias é antes de tudo disputar a condição subjetiva da própria existência humana, no sentido de levar as pessoas a optarem de forma consciente ser alienadas e servir ao sistema ou se juntarem a milhares de sonhadores e sonhadoras que se alimentam da utopia da construção de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.

Comprometer-se com o futuro é ser leal à causa e ser um agente multiplicador da possibilidade das pessoas de bem voltarem a sonhar.

Quero sonhar junto com todos e todas para que meu sonho faça sentido.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com